17.3.14

Laura Ingalls Wilder

Está bem, sei se tratar de um estilo meio romanesco, escapista (escrito nos anos 30 - depressão americana), e que mescla ficção e fatos reais, forçando para que se pareçam todos reais... 
Mas de que falo? De uma garota verídica que viveu na virada para o séc. XX, no meio oeste americano, ao norte. Seus livros retratam um estilo de vida pioneiro, rural, que existiu e ainda existe em qualquer país, mudando-se a cultura, claro.  
Quem assistiu a série de TV "Os Pioneiros" na adolescência, jamais deixará de amar Laura, embora a série seja bem diferente, bem mais ficcionista que os livros. Estes são muito melhores, é a bebida na fonte.
A autora tardia (já era sexagenária quando publicou), a personagem onírica, a criatura documentada em carne e osso, formando uma mescla incrível a nos prender numa vidinha tão simples que causa êxtase.
E está sendo (ou foi) reprisado todo o seriado  na TV a cabo TCM... ao final da década de 70, quando Laura aparecia na TV Record, eu estudava à noite. A assistia apenas nas férias, recesso escolar ou quando saía mais cedo da aula. O seriado era minha paixão de adolescência.
A maioria de seus livros podem ser lidos na biblioteca virtual pt.scribd.com.doc/ . Entre em qualquer documento e digite o autor. Como mágica, surgem seus livros no delicioso português de Portugal!
Aconselho que seja lido na ordem: primeiramente "Uma Casa na Floresta". Talvez por ser o primeiro, é um dos que mais amo, assim como o segundo,  "Uma Casa na Campina".
O último livro, publicado postumamente: "Os primeiro quatro anos" é mais visceral, mais cru, com menos parceria com sua filha e escritora Rose. Comparado aos outros, eu diria que este é um bolo de fubá, para se tomar com uma xicrona de leite com café, enquanto os outros foram recheados pela Rose e viraram sobremesa.
Sugiro deixar "Farmer Boy" para o final, creio que foi muito "melado" por Rose. Ela é um caso à parte nesta história. Meteu o bedelho nos livros da mãe, senão creio que nem os teríamos... Muitas "Lauretes" a torturam por estas intromissões, todavia eu não penso assim.
Laura estudou formalmente, contudo em época de escola, pouco frequentava: morava na roça, enfrentava neve, tinha muito trabalho no sítio. Sem o apoio, auxílio e aval de Rose (que tinha inteligência acima da média), a empreitada da publicação da série de livros não vingaria devidamente, a meu ver.
Quem não conhece a autora, vale a pena pesquisar ao menos sua biografia. Ela é febre na América do Norte, e lida nas escolas.
Uma Casa na Floresta
Capa do primeiro livro.
 
Laura adolescente
Enfim, como escritora famosa!
Imagens: Google Imagens.            

Leia um trechinho e imagine-se naquela época romântica!
   “No Inverno, a nata não era tão amarela como no Verão e a manteiga que dela se fazia era branca e menos bonita. Como a mãe gostava que todas as coisas da sua mesa fossem bonitas, no Inverno coloria a manteiga. 
Depois de deitar as natas na batedeira alta, de louça, e de a colocar perto do fogão, para amornar, lavava e raspava uma cenoura comprida, cor de laranja. Em seguida, ralava-a no fundo de uma velha frigideira de folha, que o pai enchera de buraquinhos, com um prego. 
A mãe andava com a cenoura de um lado para o outro, na aspereza dos rebordos dos buraquinhos, e quando acabava, levantava a frigideira e via-se um montinho mole e sumarento de cenoura ralada. 
A mãe deitava a cenoura num tachinho de leite que estava ao lume e, quando o leite aquecia, despejava a mistura num saco de pano. Depois espremia o leite amarelo vivo para a batedeira a fim de colorir as natas todas. Assim a manteiga ficaria amarela. 
Laura e Maria podiam comer a cenoura, depois de espremido o leite. Maria achava que devia comer o quinhão maior, por ser a mais velha, e Laura dizia que a maior parte devia ser para ela, por ser a mais nova. Mas a mãe mandava-as dividir a cenoura ralada em partes iguais. Era deliciosa. Quando as natas estavam preparadas, a mãe escaldava.” 

6 comentários:

  1. Essa é a tradução portuguesa. Na tradução brasileira, que li, reli e treli, a irmã mais velha manteve o nome Mary.

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  2. Olá, Be!
    Esta é realmente a versão portuguesa.
    Você é uma "Laurete"?
    Olha, eu não chego a ser Laurete, contudo me aproximo bastante. Quando leio (ou releio) os livros dela, volto à minha infância rural, vazia de modernidades e cheia de aventuras.
    Um abraço, grata pela visita.

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  3. Li na infância e continuei a reler. Sonho sempre.

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  4. Que gostoso poder falar com mais uma fã de Laura! Não vejo a hora que o diário original seja traduzido para o Português...

    Um abraço

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  5. Amo os livros da Laura!Estou comprando os volumes pela Internet, já comprei os dois primeiros!

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  6. Oi, Zarinha!
    Eu também adoro... até fico melancólica quando termino um livro ou quando releio a biografia da família.
    Todos se extinguiram, sobrou apenas a história através dos livros de Laura. Se não fosse ela, jamais saberíamos sobre essa saga familiar!

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