27.8.12

O ingazeiro


   

Lá pelos meus nove anos, no sítio do Vovô Eurico, próximo à divisa com Minas, uma grande novidade virou noticiário do momento!
O Nelson encontrou aquele ingazeiro do taboal, todo desgalhando em frutos. As vagens verde-amareladas, naquele alagado imenso, quase inacessível.
Os garotos, que já estavam devastando a pobre árvore, haviam  preparado uma trilha, dobrando a taboa no chão encharcado.
A estradinha suspensa parecia fofinha, contudo uma cerca de arame farpado, mais que tombada, encontrava-se pelas imediações. Todo cuidado é pouco, olha o risco de tétano!  
O danado do pé de frutos necessitava estar bem ao meinho? Desbravamos, feito formiguinhas, aquela criançada em fila no charco... enfim o paraíso.
Quão delicioso abrir as vagens fresquinhas, enroscando-se em um galho acolhedor, a degustar as sementes recobertas por aquela membrana tão branca, cândida, carnudinha e aveludada! Num tom de anil refletindo o azul celeste.
Ummm! gostinho de ingá! Fruto d`água! Nativo! E cospe caroço até a maquininha se fartar.
O ingazeiro ficou todo enfeitado de crianças cascudinhas, silenciosas, ocupadíssimas com seu ofício de sorver, sorver...
Sentíamos como flutuar num barco verde, à deriva, sem compromissos senão com o próprio deleite.
Imagem:   daqui

2 comentários:

  1. Pois acredita que não conheço? Nunca provei, mas com sua descrição deu uma vontade...Quando for pra roça vou tentar encontrar!
    Beijuuss n.a.

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  2. Olá regina!
    Grata pela visita...
    Peça a um morador roceiro, que provavelmente ele te levará a um pezinho, nas imediações! A árvore é linda, e as flores brancas.
    Há várias espécies, porém este da foto é meu favorito. O "ingá cavalo", tem vagens marrons e peludinhas por fora, vivendo em áreas secas.
    Um abraço, e volte sempre,
    Cri.

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