15.10.14

Memória Primogênita

A memória que nasce lá atrás, no primeiro "post" de meu cérebro, lá pelos quatro anos de idade, é da bolinha de borracha "crua", aquela borracha cor de carne existente à época, com que se fazia bico de mamadeira, conta-gotas e tudo mais (possivelmente era latex).
Fui com a mãe à bica d'água, que naquele tempo situava-se no taboal, abaixo da horta do Vovô. E naquele alagado, sem mais ou menos, ela voou de minhas mãozinhas, se perdendo, sumindo... 
Como pode um bem tão precioso desaparecer para sempre, e diante de nossos sentidos? Campeamos bastante, eu aos prantos. Nenhum sinal daquele ente animista, minha amiga fiel; agora provavelmente fria, em desespero e desolada.
Dói no âmago o desaparecimento! Creio ferir mais que a própria morte. Se a visse toda rasgada, estourada, seria um fim e não um infinito reticente.
Então tivemos que parar a procura, acabou-se tudo! Ttentativa de conformismo... voltar para a casinha de quatro cômodos em cruz, onde vivíamos.
Trata-se de minha única memória da bica d'água, vaga e difusa; contudo a vivacidade com que vejo, sinto e recebo o aroma de minha adorada bolinha de borracha cor de carne é atemporal!

Não consegui uma imagem sequer que se assemelhasse à bolinha...

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