27.12.12

Calcinha

Apesar do estado do tecido, pode-se concluir que uma das calcinhas encontradas, com tiras para amarrar nas laterais, lembra os biquínis atuais Foto: Institute of Archaeology, University of Innsbruck /  Divulgação
Fonte:  noticias.terra.com.br/ciencia/arqueologia
Esta peça arqueológica do séc. 15, foi encontrada num "cofre", embaixo de um piso em madeira, em um castelo austríaco.
Me encantou este nozinho do lado direito (para quem vê): Fiz muito disto com minhas lingieres surradas, na adolescência.
O ato de costurar sempre me fascinou: Uma nossa vizinha de roça, fazia as roupas de suas crianças, à mão, como aprendera de suas antepassadas. Não tinha máquina. O capricho me encantava!
Nós, crianças, fazíamos roupinhas prás bonecas com retalhos, chapeuzinhos e sapatos de crochê (quase todas nós sabíamos fazer um pouquinho de crochê). Um primor.
Fui costureira de fábrica, consertei roupas (e costurei) prá fora quando o "Fiotão" nasceu. Até hoje reformo minhas roupas, e faço algumas. Faço também sacolas, tapetes...
Minha mãe era costureira, e com os retalhos, me fazia shortinhos com quatro cores. As calcinhas eram caseiras: Eu as tinha já com elásticos, uma imensa tecnologia!
Os "fundilhos" eram bem largos, e nas pernas não havia elástico. Se enrolavam todas.
Só se usava "carcinha" comprada para ir à cidade, de vez em quando. Tomava-se banho com sabonete perfumado (no mais, era sabão de cinzas feito em casa).
Quando a roupa acabava, ele (o elástico), assim como botões e rendinhas, eram cuidadosamente retirados para uso futuro, em outras peças.
Nas casas com muitas mulheres (comum à época), se fazia as calcinhas com sacos de farinha: Usava-se as partes menos nobres, com letras. Via-se nos varais: "Anaconda" (a marca da farinha).
Os varais, em sua maioria, eram a própria cerca de arame farpado, não havia necessidade de prendedores, todavia, ao retirar as peças, nada de ênfase, ou se rasgavam.
Aquele mosaico de roupas, classificadas lindamente (camisa com camisa, etc.) e seriadas (das peças maiores para as menores), dançando ao vento e brilhando ao sol, era uma matemática artística! Ainda os vejo nas roças, e amo!
Para diferenciação, passava-se biquinhos em crochê nas calcinhas. Cada moradora elegia uma cor. Em outras famílias, bordava-se a letra inicial do nome da proprietária.
Mulheres mais idosas, bem caboclas, assim como as ciganas que "arranchavam" por lá, não as usavam. Lembro-me de vê-las pelos triozinhos (trilhas)... De repente paravam, afastavam as pernas, erguiam um pouco a saia, e lá vinha enxurrada nos pés descalços!
Sutiãns, as mais velhas não tinham. Faziam a combinação e o saiote: Uma blusinha cavada e uma sainha curta e rodada, sempre brancas. Iam por debaixo da roupa. Bordadas, rendadas. plissadas.

6 comentários:

  1. Anônimo28/12/12

    Salam, Cristina!

    muito interessante o seu relato. O ato de costurar é fascinante. Uma pena que as mulheres ditas modernas tenham deixado essa prática de lado, não?
    Um beijo e ótimo último final de semana de 2012!

    ResponderExcluir
  2. Somos nossas vivências redistribuídas no ontem, no hoje e no amanhã.
    Que 2013 traga dias risonhos, alegres, cheios de motivações e realizações benéficas para vc e toda a família, Cris.
    Um verdadeiramente feliz, Ano Novo!
    Bjos festivos,
    Calu

    ResponderExcluir
  3. Oi, Cristina!
    Muito interessante sua postagem hoje, eu aqui não sou nada boa nesta arte da costura, aliás sou péssima. kkk
    Desejo que 2013 seja repleto de bençãos e felicidades a você e sua família.
    um grande abraço, carioca

    ResponderExcluir
  4. Olá amigas Denise, calu e Beth!
    Estava com saudades...
    Um excelente ano para vocês também. E que estejamos juntas!
    Um abração caipira.

    ResponderExcluir
  5. Hahaha, anaconda, adorei! :) Usar calcinha feita de saco de farinha devia ser, no mínimo, desconfortável! :)

    Eu adorava saber costurar e fazer renda. A minha avó fazia vestidos lindos para as minhas Barbies e restantes bonecas. Foi algo que sempre me fascinou. Infelizmente não herdei a sua paciência, e tempo também não tenho muito.

    Beijos!

    ResponderExcluir
  6. Joana, era aquilo ou nada... A vida era dura na roça. Mulher só via dinheiro quando vendia frangos (e ovos).
    Na oitava série ginasial, aprendi puericultura, onde fazíamos roupinhas de bebê.
    Outro beijão.

    ResponderExcluir

Desativado

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.