27.3.13

Alfabetizar com a Sensibilização Cromática

As criancinhas chegam ao primeiro ano, por vezes pré-silábicas: para escrever "gato" usam BHSTESV,  por exemplo. Muitas letras são de seu próprio nome.
Rapidinho conseguimos levantá-las para a fase silábica, com a ajuda do alfabeto e de palminhas para as sílabas ( "ga-to: A-O"). É a fase em que elas têm valor sonoro mais centrado nas vogais (ou ainda não têm o valor sonoro, usando duas letras aleatórias).
Atingindo o valor vogal, entra-se fortemente com a Sensibilização Cromática. Para tal, necessitamos que o alfabeto exposto na sala seja cromático: o nosso tem a cor vermelha para as cinco vogais, e as consoantes são azuis (sendo elas cores primárias): A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V X W Y Z .
Eu fico doida, fazendo trocas de gizes com as professoras de quarto e quinto anos: Forneço quaisquer outras cores, e elas me trocam por azuis e vermelhos.
Feito o estoque dos gizes cromáticos, passo a escrever palavras-chave, próprias para a reflexão sobre o sistema de escrita (alfabético), cromaticamente.
Coloco todas as vogais em vermelho, leio com eles: A O (gato) e pergunto se podemos escrever assim, somente com elas. 
Peço aos silábico-alfabéticos (aqueles quase alfabetizados), para não se pronunciarem. Levo à lousa, dois alunos centrados fortemente nas vogais e vou questionando-os, reforçando os fonemas (pronunciando de forma exacerbada), fazendo os articulemas  e demonstrando o alfabeto exposto.
Os articulemas do R e par CKQ/ G são guturais (na garganta); então coloco as costas de seus dedinhos em minha própria garganta e faço:  RRRRRRRRRR (de Rato), GGG (de Gato), CCCKQ (de Cão).
Os articulemas M e N são na narina: tapa-se uma das narinas, fecha-se a boca para dizer MMM e abre-se a boca para articular NNN.
Os pares F/V, J/X, S/Z, articula-se assoprando o dedinho para sentir a saída do ar.
É fundamental levá-los ao conflito pedagógico, para que se desequilibrem e haja posterior aprendizagem. Enquanto eles estão confortáveis e confiantes nas vogais, as consoantes serão simplesmente ignoradas.
Somente agora peço ajuda dos mais avançados e completo a Sensibilização Cromática:     G A  T O, lendo bastante com eles, cada sílaba separadamente.
Com todas essas técnicas, eles avançam rapidinho, mesmo em grupos de vinte, como os meus, e com excesso dos outros conteúdos (trabalhamos em média 9 conteúdos diferentes por dia, 45 por semana - todas as disciplinas e Ensino Religioso).
Apoio-me na "Coleção Gato e Rato" da Mary França, para criar sequências  reflexivas como:
R  A  T O
P  A  T O
G A  T O
A  L O  
A Sensibilização cromática não é divulgada como a famosa correspondência grafofonêmica (letra-som), mas auxilia muito, pela visualização. Trata-se de mais um canal sensorial rumo à aprendizagem.

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