6.7.13

Banana enterrada

Foto que tirei no Mamonal
Certa época, quando eu tinha uns nove anos, meus primos estavam com a mania de fazer estufa para banana nanica. 
Como se fosse necessário tanto esforço, pois as bananas amadurecem sozinhas, basta cortar o cacho e dependurá-las no paiol ou tulha.
combinado que no inverno demoram mais, mas abrir um buraco no chão, forrar com capim seco, aconchegar o cacho todo, colocar mais capim e tampar com terra...
Chegou o dia de abrir a cova, lá perto do terreirão (onde se seca café). Como os primos João e José trabalhavam o dia todo, a operação foi realizada à penumbra.
Assim que abertas, já estavam boas, contudo feias que só - escuras. Foi decepcionante comê-las, e ainda fizemos campeonato. Um dos rapazes ganhou, com mais de duas dúzias comidas. Haja banana.
Algum mecanismo fez com que o momento ficasse congelado em minha memória, lembro vivazmente. Inclusive o meu primo João, mais velho e chefe da operação, morreu atropelado a quase dez anos.
Ainda sinto o calor emanando da estufa, as bananas acuadas, a tentativa de comer e comer, sem vontade... a ausência de discernimento, pois claro que os maiores ganhariam a competição!
Após a labuta, ficamos todos lá, largados, deitados ao chão a olhar o céu aberto, longo, entranhável, até que a mãe, ralhando, nos mandasse dormir.  
Tempos despretenciosos, difíceis, mas sem grandes preocupações, com o mundo a conhecer, com a vida toda ainda a escorrer.

2 comentários:

  1. Ah, Cristina! Que delícia de recordação, hein? Senti daqui o cheirinho das noites, a olhar o céu.

    beijos pitangueiros

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  2. Oi, Pitanguinha... você alegrou minha manhã!
    Sabe, há momentos em que os flashs trazem imagens claras da infância. O céu era nossa TV, e a novela "Guerra nas estrelas", trazia a cada noitinha, um capítulo novo.

    Outros beijinhos cor de pitanga.

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