15.12.13

Ano Bom





Esta é uma tradição de se doar um dinheirinho (moedas) às crianças, na manhã do primeiro dia do ano. Elas vão às casas e pedem:
_ Me dá um "Ano Bom"?
Na minha infância rural era um ato sagrado. Apesar de haver muitas crianças nas famílias, as famílias eram poucas.
Já se sabia de antemão quais seriam as crianças a passar pedindo "Ano Bom", e era inconcebível uma criança caminhar de um sítio à outro e voltar de "mãos abanando".
Não havia mesada naquela época, e este era o único dinheiro que as crianças adquiriam no ano todo. Para os adultos doadores, era sinônimo de prosperidade futura, e a recusa (avareza) podia trazer muito azar.
Me lembro de que minha avó paterna ficava meses separando as moedas: as maiores para os 60 netos, e as menores para a vizinhança.
Obviamente, quando éramos menores, o que mais importava era a quantidade de "pratinhas" e não o seu valor unitário; por isso, nem pensar a troca por notas de papel.
Meu pai também manteve a tradição até morrer (a três anos). A rua de sua casa amanhecia repleta de garotos aguardando a folia: ele trepava em seu caminhão (de caçamba basculante) e atirava uma a uma, as moedas e balas. Dizia que a demora é que fazia a festa.
Eu sempre fiz questão de separar notas de papel para as crianças da família apenas, que já levo para distribuir na hora da ceia. Também levo aos priminhos da roça, quando passamos a mudança do ano lá.
Para a criançada da rua, distribuo balas somente, contudo vários deles são barulhentos, teimosos, malcriados e mal agradecidos, tirando a graça da tradição. 
Com meu dinheirinho de "Ano Bom", eu gostava de comprar um gibi e guloseimas. O Pai que comprava e trazia, pois não íamos às compras.
Após os dez anos, acabou-se a festa, pois aos onze eu passei pelo estirão da puberdade e fiquei muito grande para me enquadrar no quesito "criança"! 

Imagem: daqui

4 comentários:

  1. Aqui não temos esse costume, mas achei-o bem interessante.

    Aliás gosto das tradições antigas que praticamente caíram no esquecimento.

    Beijinhos.

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  2. Olá, Elisa!
    Esta tradição interiorana era coisa muito séria, até pouco tempo: ninguém queria iniciar o ano sem prosperidade.
    Agora está se perdendo, pois as cidades estão grandes e há crianças demais a contemplar.
    Ao clarear do dia, a molecada vara as ruas tocando campainhas, batendo palmas e gritando, em prol de "Ano Bom". Ninguém dorme.

    Outro beijão a ti.

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  3. Eu não conhecia essa tradição. Sei que vives em Portugal mas posso saber a cidade de onde pertences??? Se é que não me estou a meter demasiado,kkkkk. Beijinhos fofinhos!!

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  4. Olá, Jô!
    Sou do Brasil, no interior do estado de São Paulo, região Sudeste. Aqui é comum doar um dinheirinhos às crianças nas primeiras horas do ano novo, porém só vale da meia-noite ao meio-dia.

    Abreijos.

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