6.12.13

Baile na roça

No final de semana passado tivemos um "fuá nas arturas" lá no sítio. Uma das moças de lá completou 18 anos e meu tio de Americana (que canta na noite a trinta anos) trouxe seu parceiro para animar o arrasta pé, na venda do primo.
Há direito a toda a parafernalha: luzes em forma de estrelinhas, luz negra, som profissional. As galinhas e as vacas devem ter se incomodado. Foi chegando gente de vários sítios na redondeza e comecei a servir a entrada enquanto havia amendoim nas mesas: pãezinhos com molho à bolonhesa ou com vinagrete. 
Mais tarde, o jantar foi colocado sobre a mesa de sinuca: arroz, tutu de feijão, couve refogada, salada de alface e de repolho, farofa, carne bovina e suína, melancia, abacaxi e manga. Detalhe: o cachaço e a novilha que foram sacrificados em nome da aniversariante eram nossos conhecidos (tinham até nomes).
Éramos quase uma centena de pessoas, desde bebês a senhoras octogenárias. O povo da cidade se misturou com os roceiros, os clientes da venda se misturaram com os convidados, numa barraca improvisada em anexo à venda.
As primas mais antigas nos cumprimentam tradicionalmente com aperto de mão e três beijinhos. É imprescindível passar de um a um, cumprimentando... mesmo que não o conheça. É uma afronta desferir aquele "oi" generalizado, com um simples aceno.
O dialeto é caipira: trocando-se o L pelo R, e nós sempre entramos no clima (se estiver em Roma, proceda como os romanos). Enquanto ajudei a lavar os pratos, fui rasgando meu palavriado roceiro na maior descontração, afinal, já morei ali na infância. 
Na rodada de sertanejo universitário, o Tio tocou "Ricardo e João Fernando", pois o João faz parte da família. Músicas como "Água de Bar", "Só saio com as Top", "Só Papai", "Top do Brasil" fez a caipirada delirar. Sempre que vamos à Americana, o João nos dá uma palhinha. 
Choveu na tarde de sábado, ocasionando uma noite limpa e estrelada na serra. O clima estava ameno e nossas luzes futuristas deviam refletir longe devido à escuridão roceira. No casarão da Avó estávamos em 20, contudo apenas 13 dormimos lá. O restante desceu a serra madrugada adentro e veio dormir na cidade.
Dançamos tanto... um casalzinho septuagenário, "Tião Macumba e Terezinha" rodopiaram até uma hora da madrugada; despediram-se e saíram... após cinco minutos, ela voltou sozinha. Queria dançar mais e ficou até o fim; foi-se sozinha até seu sítio, em meio à escuridão.
Havia um personagem de lá, que tentava tirar todas para dançar. A maioria não aceitava, então questionei uma das moças:
_ Por que você não dança com ele?
_ Capais memo, ele dança quiném uma biscátia, e ainda fica arroxando a gente!

Os jipeiros com seus brinquedinhos, trepando barranco à porta da venda, ao escurecer. Parece que vai tombar, de tão íngreme!
 A barraca pronta para o baile. Clientes e convidados se entrelaçam (e cães). Quando bebê, eu morei naquela casa à esquerda.
 O primo com sua nova perna mecânica (amputou a um ano, devido a aneurisma; sofreu horrores).
 A festinha começou...a maior descontração, sem saltos altos, com respeito e sem etiquetas.

Dupla sertaneja "Ricardo e João Fernando"
Meu "Fiotão" vestiu muita roupinha do João, quando criança.

2 comentários:

  1. Puxa, quanta animação nesse festerê todo por lá! Que coisa boa essas festas assim! Lindo de ver! Melhor, estar lá! beijos,chica e lindo fds!

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  2. Então, menina, foi um "adivertimentu" só! O povo da roça não é luxento, sabe, então se anima facin.

    Até mais.

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