19.12.13

Esquecimento é crime


Quem é que nunca se esqueceu de algo importante, e quando se lembra já é tarde demais... o fenômeno do esquecimento vem sem aviso prévio, é terrível e tem vida própria, é mais forte que nós.
Deixar vencer uma conta a pagar e depois correr atrás do prejuízo, esquecer aquela consulta que levou meses em espera, esquecer o aniversário daquela pessoa, esquecer a pizza no forno.
Eu mesma, na agitação da sala de aula, muitas vezes (inúmeras) caminhei até o armário, e devido ao tumulto das crianças, me esqueci do que precisava, tendo que retornar ao ponto inicial para relembrar.
Tudo isso é absolutamente insignificante em função de um fenômeno recente, que vem se repetindo vertiginosamente pelo mundo.
Estou falando sobre algo que a sociedade deve discutir urgentemente: esquecer (involuntariamente) a criança no banco traseiro do carro... É só procurar na Net para encontrar inúmeros casos.
Sem contar dos tantos casos que provavelmente ocorram e a pessoa se lembre antes de maiores consequências, e que não entram em nenhuma estatística.
Concordo que no banco de trás, TEORICAMENTE a criança está mais protegida, todavia as pessoas (parece que na maioria homens), num fatídico dia esquecem a criança, que pode estar dormindo ou apenas em silêncio.
Em vários relatos, ocorreu uma quebra na rotina, ocasionando a pane na memória, chamada armadilha cognitiva (acontece com todos nós).  Muitos acidentes, inclusive de trabalho, advém deste tipo de fenômeno.
Não é necessário muitas horas para que ocorra o óbito, e consequentemente há um impacto psicológico eterno em toda a família, sobretudo em quem esqueceu a criança.
Culpas, suposições, explicações, envolvimento policial, insinuações, fofocas, e até tentativa de suicídio por parte do responsável, agravam ainda mais o quadro neurótico que passa a surgir.
Termos técnicos como imprudência, negligência, abandono de incapaz, homicídio culposo (e até mesmo doloso), inquérito, depoimento, laudo, perícia, passam a rondar os fantasmas já instalados com o infortúnio.
A minha tia, que trabalha numa creche particular, numa cidade aqui perto, passou por este baque, com um de seus aluninhos. 
Até mesmo o proprietário da escolinha e funcionárias se sentiram culpados pelo fato da criança ter faltado e eles ainda não terem telefonado (no momento em que o pai se lembrou).
É um trauma geral, uma dor inquietante, irreversível e implacável. Difícil compreender como pode haver óbito por estar lá quietinho por poucas horas...
...Desidratação e distúrbio hidroeletrolítico (convulsões pela alta temperatura) é o nome mais comum dado a este fenômeno. 
Devemos lembrar também que no caso dos pais (homens), cuidar de bebês é algo muito novo, considerando a  história da humanidade. O cérebro masculino não tem esta "estampa".
Dizem que os homens não conseguem fazer várias coisas ao mesmo tempo, como dirigir, resolver questões ao celular e atentar-se ao filho no banco de trás.
Ninguém mais deixa crianças em casa, com babás, levam-nas de um local a outro: ficam na casa da avó até o almoço, na escolinha à tarde, depois com outra avó... 
Segue umas dicas para tentar evitar esta tragédia, que pode acontecer com qualquer um de nós:
1. Ter cuidado redobrado quando houver alterações de rotina. 
2. Combinar com o berçário de ligar quando o bebê faltar e vice-versa.
3. Não usar som no carro com a criança, os menores ruídos dela serão ouvidos.
4. Colocar filme claro nas janelas laterais. Os transeuntes já salvaram muitas crianças assim.
5. Deixar a bolsa dele no banco da frente, junto a pertences do familiar.
6. Confirmar com o cônjuge, após a tarefa cumprida.
7. Manter um objeto importante ao lado do bebê (celular), que sentirá falta logo.

Há ideias de braceletes que apitam, alarme do carro com detector de presença, para evitar o esquecimento, pois os pais esquecem criança em vários lugares. Na escola mesmo é praxe, devido sobretudo à mudança de rotina (sempre com pequenas consequências emocionais).

Imagem daqui

2 comentários:

  1. Muito bem lembrado, escrito e alertado Cris! Os acidentes são tantos...mas creio que a conscientização vem num crescente. Aproveito para desejar-lhe um natal de muita LUZ e PAZ ao lado dos seus e um 2014 repleto de bençãos diárias. Com amor
    Regina

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  2. Oi, Mineirinha!
    Sei que a época não é propícia, porém eu estava agoniada a mais de um mês para postar este tema tão grave.

    Retribuo com votos de uma transcendente passagem de ano, a ti e toda a família.
    Que em 2014 possamos continuar juntas!
    Abreijos amorosos a ti também.

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