26.1.14

"Sampaulo"

Ontem, eu e o Par fomos ao aniversário de um Tio na capital (70 anos): Mais precisamente em Santo André (reduto dos Pavani). 
Uma das duas vans, com a parentalha daqui, passou 12 h 30 e nos devolveu às 2 h 00 de hoje. O motorista é  meu colega: trabalha do Departamento de Educação e faz "bicos" aos fins de semana. 
Meu pai fazia questão absoluta de não perder estas reuniões da família dele. Não estando mais conosco a três anos, fomos representá-lo. Foi nossa primeira vez com os Pavani de lá.
Já estive uma vez em casa da irmã mais velha do Par, lá próximo. Sempre evitamos a capital devido à má fama: inundações (nesta época), criminalidade, trânsito sempre engarrafado, porém ontem não encontramos nada disso.
O Par vai de vez em quando à capital a trabalho; já fui com ele. É e estressante dirigir naquele trânsito, e temos que nos preocupar o tempo todo com o "vizinho", quando estamos na rua, contudo o pessoal das empresas relacionadas à usinagem é tranquilo. Nunca nos tapearam e todos nos orientam no que for preciso. 
As principais diferenças com o interior estão relacionadas ao tamanho daquilo: tudo é mega. Passamos por São Paulo e São Caetano, antes de atingir Santo André. Não havia muito trânsito, por ser feriado na capital; viagem tranquila. 
Fico imaginando por que será os aposentados não se evadem daquela interminável cidade agitada e não procuram um lugarzinho com ar puro... até mesmo os descendentes teriam onde passar os fins de semana sossegados.
Os maravilhosos viadutos, metrô e vias suspensas "fura-fila", aparentemente não dão conta de escoar tanto trânsito. O rodo-anel, com pedágio, risco de paralisações por protestos e constantes assaltos (inclusive com arrastões e saques de cargas), é evitado.
O que mais chocou de início, foram os moradores de rua, vivendo em barraquinhas feitas com lençóis que nada protegem, nas calçadas e em pracinhas repletas de lixo. Não temos favelas aqui, nenhuma barraquinha dessas. Temos alguns mendigos que transitam pelo interior, mas são itinerantes.
A segunda diferença gritante, é que se muda de uma cidade para outra, sem sequer percebermos. Aqui, quando a cidade termina, há uma vasta zona rural, cheia de plantações e vaquinhas à beira da rodovia, até atingirmos a próxima. Uma delícia.
Seguindo interminavelmente pelas marginais de rios (Tietê e outros), não vimos uma casa com jardim. Muitos prédios são mal cuidados, as pistas são triplas e repletas de carros. Pessoas no farol tentando nos vender algo, poucas árvores nas calçadas. Vimos uma goiabeira, todavia sem um fruto sequer; nesta época deveriam estar verdes.
Santo André me pareceu melhor cuidada que a capital, com menos lixo e mendigos. O prédio mais suntuoso que vimos é um templo religioso, daquela igreja evangélica iniciada com a letra U. Aqui também há um daqueles.
Passamos também pela Universidade Federal do ABC, onde a filha de minha amiga daqui, foi trabalhar. A moça deixou o marido na casa e divide um apartamento por lá; eles se veem intercaladamente: sábado ele vai, sábado la vem. Loucura para os padrões interioranos.
O local alugado para a festa é amplo e bem decorado com motivos country: além do salão com 15 mesas, tem parquinho, quadra poliesportiva, cômodo para guardar pertences, churrasqueira, palco, bar com cozinha, TV das maiores. 
Serviu-se batata de festa, churrasco, arroz, pães e berinjela acebolada (não abusei). Bebidas incluía além da cerveja, refrigerantes, batida e sucos de caixinha, muita água e pinga. Fiquei na água, e o Par com 10 latinhas (não ia dirigir).
Por sobremesa, bolo e docinhos. Belisquei o bolo do Par e degustei demoradamente apenas um docinho... estou firme na reeducação alimentar.
Uma dupla caipira tocou modas de viola, que o tio adora, porém o som estava alto; difícil falar com tantas primas sobre tantas coisas. Somos 60 primos (paternos) e compareceram 20 e uns.
Dos doze filhos de minha avó, três estão mortos e duas faltaram. Meu pai tem 5 irmãs acima de 80 anos; 3 estavam lá, todas lúcidas, inclusive a mais velha, quase da idade de minha avó materna.
O filminho com a vida do Tio foi particularmente emocionante: com nenhuma foto da infância e adolescência (normal) e algumas da juventude. Ele foi o mais bonito dos quatro irmãos (minha avó dizia que o mais velho - quinto, que morreu de úlcera aos 20 anos, era o mais belo).
Meu pai, o tio Lia Elias (que faleceu ano passado) e a Vovó estavam numas fotos, o que aumentou a emoção.
O Tio contou de quando fazia "fusquinhas", na VW. Saía de casa 3 h 30 da madrugada e voltava às 20 h 00. Na semana do contra turno, saía 15 h 30, voltando de manhãzinha, às 8 h. Aos sábados não trabalhavam, mas as horas extras eram sempre "sugeridas". Só tinha vida, um mês por ano, nas férias, quando vinha com a família para cá, na casa da mãe.
Certa vez, na casinha de Itanhaém, ele foi sequestrado com um carro zero que tirou na fábrica. Trancaram-no no porta-malas. Enquanto seguiam, ele desmontou a fechadura e na primeira parada, correu pro mato. 
Na volta pra casa, lá pelas 23 h 00, observei o movimento da megalópole: muitos carros transitando, lanchonetes lotadas, pessoas a pé, sozinhas e casais... vi inclusive um casal com carrinho de bebê e criança puxada pela mão, em plena marginal. Eu pensava que as pessoas por lá não se aventurassem a tanto. 
Não vimos nenhuma batida policial, nada suspeitos nos semáforos, contudo não podemos facilitar: as primas de lá, disseram que a criminalidade é a maior preocupação, muito maior. Uma delas estava no carro com as três crianças e teve uma arma apontada na cabeça - passou imediatamente a bolsa. A outra, ouviu um homem gritando em sua calçada,  estava esfaqueado e morreu diante dela. A casa de praia em Itanhaém é invadida todo mês, levaram até o motor da geladeira velha.
Agora, tenho almoço (de massas) com a família do meu homem; levarei nhoque semi pronto. Não posso dar desculpa, ele foi na minha...
Imagem daqui  

10 comentários:

  1. Ainda bem que a reunião valeu a pena pq enfrentar São Paulo não está fácil, tive a sensação que a cidade está abandonada, triste issso.
    Abraços

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    1. Então, menina, eu penso que deveria haver uma campanha estadual para incentivar os aposentados a procurar cidades interioranas, mais calma.
      Muita gente que lá viva, poderia estar num canto sossegado, com melhor qualidade de vida e custo menor. A aposentadoria renderia mais e os descendentes teriam onde passar finais de semanas tranquilos.
      Abreijos, querida.

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  2. Oi oi Cristina,sei que São Paulo comemorou ontem 460anos,dou os meus parabens à cidade maravilhosa onde vives. Depois,quero dizer que tenho imensas novidades no meu blogue desde a tua ultima visita!! Desejo-te tudo de bom,espero que tenhas restos de um mês de janeiro super maravilhoso e um inicio de fevereiro muito belo!! Muitos beijinhos,fica com deus e até breve!! http://musiquinhasdajoaninha.blogspot.pt

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    1. Olá, Joaninha! Vou te visitar, sim.
      Eu vivo no estado de São Paulo; agradeço sua parabenização.
      A capital fez aniversário, todavia há muitos problemas com criminalidade, que tiram-lhe a decência.
      excelente virada de mês também a ti,
      Outros beijitos, até mais!

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  3. Oi, Cristina!
    São Paulo é minha cidade do coração e vou de vez em quando, mas estou preferindo cidades menores - apesar do trânsito e criminalidade serem proporcionais ao número de habitantes - gosto dos eventos culturais que acontecem em SP.
    No final de semana que passou, a minha vizinha - que mantém o apartamento fechado praticamente o ano todo - veio para cá e trouxe a nora que é de Santo André - Essa falou super bem da cidade e avacalhou SP. Eu ainda tenho uma visão romântica da cidade - vai entender! - mesmo que da última vez, eu tenha caído nas malhas da "Máfia do Detran", o que faz chegar em casa multas absurdas - agora no total de 6 de 540 UFIR, ou melhor 6 x R$ 574,62. Já fui no Detran do Rio saber do que se trata e eles mesmo conferem a bandidagem mas não podem fazer nada. Então, não vou mais para Sampa até que se resolva isso. Imagina se cada vez que vou, passo a receber tais multas?
    Tá certa, agora chegou a sua vez de retribuir!!
    Beijus,

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    1. Olha, Luma, eu não me senti insegura... meu tio disse que é ilusório, que nos 45 anos que ele vive lá, na última década a criminalidade ficou gritante.
      Tenho muita vontade de entrar no mercadão (só passo por fora), de ir ao zoológico, museus, ver uma peça de teatro (aqui, só tem de vez em quando).
      Em relação à proporcionalidade, meu pai sempre reforçava: dizia que o número de gente boa é infinitamente maior que os bandidos. Certa vez, meu marido errou uma entrada e se perdeu em SP; um motorista de perua kombi o guiou por longa distância, sem cobrar sequer a gasolina!
      Esta questão das multas eu não conhecia, aqui dentro da minha cidade não há radares, apenas nas rodovias. Quem multa é a própria polícia militar, contudo só acontece nas blits, se há irregularidades.
      O almoço com a família do esposo foi muito bom, é uma oportunidade para meu filho se reunir com os primos.
      Outros beijos caboclos.

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  4. Gostei muito de ler o relato da sua viagem por S. Paulo e da festa, tanta família!

    Afinal onde reside?
    Eu vivo no Algarve, a mais ensolarada e quentinha província de Portugal. Lagos, a minha cidade, fica junto de uma belíssima baía que eu aprecio das minhas varandas.
    Também gosto de viver numa cidade menos poluída do que a capital distrital ou a capital do país.
    Tenha uma ótima semana.
    ~ Abraço.~

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    1. Olá, Majo! Estou adorando suas visitas!
      Eu moro no Estado de São Paulo, porém numa cidade interiorana, com pouco mais de 80.000 habitantes. Pertence à região de Campinas, contudo fica a 150 km dela (ainda bem).
      Sou encantada por Portugal. Te procurei no mapa: estás bem ao sul, pertinho do mar... aliás, você tem blogue?
      Excelente semana também a ti,
      Grande abraço.

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    2. Ainda não tenho blogue, Cristina.
      Espero inaugurá-lo dentro de dois meses, com o calor da Primavera.
      Na altura, comunico-te.
      Abraço amigo.

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    3. Aguardo ansiosamente!
      Outro abraço.

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