19.2.14

Local de querência

Fevereiro é época de se aparar tantas arestas... são mães se estranhando com professores pelas mínimas coisinhas. São crianças mal adaptadas, que fazem tempestade em copos d'água quase todo dia. 
Todo fevereiro é assim, sobretudo para os que estão chegando agora, no 1º ano e ainda não se acostumaram com o "jeitão" de sua nova sala de aula.
Percebe-se os ti-ti-tis de familiares, enquanto aguardam ao portão. Enxerga-se a insegurança de quem deixa o filhote e ainda não acredita em sua capacidade de autonomia.
Temos 5 classes de 1º ano, e a comparação entre professoras é quase visível, está nas entrelinhas. Muito diferente de vinte e tantos anos atrás, quando comecei a trabalhar com crianças, e elas iam sozinhas ou com irmãos à escola. Era uma luta conhecer as mães, falar com elas, fazê-las se inteirar dos assuntos escolares.
Hoje, apesar dos melindres, que por vezes são excessivos, o interesse familiar aumentou sobremaneira. Claro que há equívocos; há confusão entre boa professora e professora boazinha (assim como boa mãe e mãe boazinha); confunde-se profissional exigente com chata, mas "com o andar da carroça as abóboras se ajeitam", e logo chega março.
Minha colega foi admoestada por uma mãe por ter o hábito (comum na região) de dizer a palavra "criatura" de vez em quando. A genitora julgou que ela estivesse apelidando o filho. 
A outra, explicou às crianças que não devem estragar as florzinhas pelo caminho, apenas para levar a ela; então uma mãe foi à diretoria reclamar e tentar trocar o menino de sala.
Enquanto as crianças e sobretudo os familiares não conseguem estabelecer seu local de querência naquela nova escola "grandona", nós vamos colocando "panos quentes" cá e acolá; porém necessitamos ter discernimento e certa firmeza, sem dureza.
O principal é levar a família a crer nas potencialidades do filho, sobretudo nas possibilidades de resolver os próprios desafios cotidianos. A heteronomia é comum principalmente em casos de filhos únicos. Fazer por eles o que podem fazer sozinhos é pseudoamor.
Orientei em reunião que eles têm total capacidade de amarrar os calçados; limpar-se ao sanitário; cuidar dos próprios materiais; fazer a lição de casa, mesmo que com orientação. Tenho uma dor lombar crônica e não consigo abaixar-se o tempo todo para amarrar  cerca de 20 pares de calçados, nem pegar criança de 6 anos ao colo, como certas mães fazem.
No mais, a turma aprende que é uma beleza, e gosta de brincadeiras ou leituras repetidas, algo comum nesta faixa etária. Estou encantada com certas colocações coerentes, com o raciocínio lógico-matemático bem mais evoluído. Creio que a inserção precoce na educação infantil esteja surtindo efeito. 
Imagem daqui

4 comentários:

  1. ~ Olá, Cristina.
    ~ Uma reunião de pais, na sala de aula, ajuda muito.
    ~ Mas a adaptação do 1º ano, é sempre complicada. É uma fase que depressa estará ultrapassada e o importante é que o nível e comportamento da classe, esteja a agradar-te. ~

    ~ Ando muito confusa, pensando que mal começaram o ano letivo e já vão ter as férias de Carnaval. Como são estas férias? ~

    ~ ~ ~ Um grande abraço, colega. ~ ~ ~

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  2. Oi, Majo!
    Aqui não há estes intervalos longos como na Europa, a menos que devido à "Copa", aconteça.
    Nós temos um mês e meio de férias na virada do ano, quando termina o ano letivo; depois temos algumas semanas de recesso escolar em julho.
    No carnaval, temos segunda, terça e quarta de folga. Na quinta-feira, aula normal.
    Eu acho absurdo não retornarmos na quarta-feira, e atrasarmos um dia no calendário letivo, porém a Prefeitura nunca abre na manhã de quarta-feira de cinzas, e para lecionar apenas aos alunos do período da tarde, cria-se confusão na quantidade de dias letivos.

    Beijos.

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  3. Um calendário diferente do nosso, mas eu pensei que tivessem mais dias pelo Carnaval.
    Tens de fazer uma postagem sobre estas festas aí, na tua região.
    Beijos.

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    Respostas
    1. Majo, aqui no interior não há festança como no Rio ou Bahia! O pessoal aluga chácara, encontra uma zona rural sossegada ou viaja à praia.
      Pulamos mesmo é nos lençóis... os jovens visitam cidades vizinhas, mais animadas, com carnaval de rua ou em clubes pagos.

      Beijão também a ti.

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