13.4.14

Recolecção

A recolha de produtos não plantados é uma opção para quem não pode manter horta convencional, devido à impossibilidade de rega regular.
Para tanto, recorro à minha memória infantil e coleto matinhos comestíveis, ricos em ferro, fibras e até ômega 3. São todos orgânicos e cheios de energia, devido à rusticidade.
Aqui, a última goiabeira carregada (retardatária). As outras mantinham escassas frutas cá e acolá. 
E os pássaros já atacando-as: à direita, fruta toda bicada.
Rendeu tudo isto, que mandei para a mãe. Ela faz compota, depois bate com água gelada e bebe como refresco.
Aqui, a beldroega miúda (que dá flores amarelas) abaixo, e esta planta que esqueci o nome, acima. Na serra chamam esta beldroega de ora-pro-nobis e salada de nego. Não é a ora-pro-nobis verdadeira, das igrejas de Minas.
Esta acima, não comi, pois falta confirmar com o "Tião Macumba", um preto velho muito sábio, ou com o Jairo, filho de uma autêntica cabocla. 
Trevo azedinha: ótima para salada, dá aquele toque especial azedinho. Há um pezinho de beldroega miúda à sua esquerda.
Amor-seco / picão-preto. Estou usando no suco verde - riquíssimo em nutrientes. Afinal, amores secos não existem apenas para agarrar-se em nossa roupa. É um mato considerado praga; uso apenas os brotos.
Trapoeraba: tem em qualquer jardim. É trepadeira, muito fibrosa e com flores azuis minúsculas e delicadas. Também colho apenas brotos, ela cresce para os lados, não sendo prejudicada com a recolecção. Apenas a flor serve para salada, ela deve ser consumida refogada e no suco verde.
Beldroega graúda. A miúda é rasteira, com folhinhas também gordas de um terço do tamanho desta. Esta é mais alta, com cerca de vinte a trinta centímetros, sem a haste das bolinhas.
Esta graúda tem florzinhas rosas minúsculas e frutinhos em forma de bola, feito "arvinha" de natal. Na roça, chamam-na de radite (embora radite sejam espécies de almeirão) ou breda. 
No suco verde, bato com flores, hastes e bolinhas. É importante acrescentar suco de meio limão a estes sucos verdes, assim como mamão com cascas. O gostinho de mato se ameniza. 
Evitar produtos lácteos nas refeições com beldroegas ajuda na absorção do cálcio. Consumir com moderação é sempre aconselhável, assim como qualquer outro alimento.
Este é o caruru (ou caruru), que citei no post anterior. Não perde nada ao brócolis. Aliás, acho melhor, pois as couves e afins me deixam "empachada" e esta verdura é mais leve. Seu talo grosso e suculento é um primor e o gostinho suave, brando como um sussurro.
O caruru tem um primo com espinhos. Este, não ingiro por não saber se é comestível. É só verificar se há espinhos. Este bordado arroxeadinho nas folhas é característico.
Na infância, colhi muito destas plantas para alimentar os porcos. Então, só coma se tiver certeza, pois há plantas tóxicas parecidas. 
 Nesta recolecção, de baixo para cima, há limões, amêndoas de macaúba, cebolinha, picão, beldroega, caruru e trapoeraba. Apenas a cebolinha foi plantada (pelo Primo).
Tudo isso era comida de escravo e caboclo, por isso o resgate se faz necessário.
A beldroega e o amor-seco são plantas emenagogas, boas nesta fase de climatério em que me encontro, todavia mulheres grávidas devem evitá-las.

3 comentários:

  1. ~ Muito interessante, Cris.

    ~ A beldroega tem muito ácido oxálico, assim como acelgas, espinafre, vegetais silvestres e carambola.

    ~ É preciso ter a noção que só se devem usar ocasionalmente, pois o uso habitual, provoca o aparecimento de cálculos renais.
    ~ Há informação na net, sobre este assunto.
    ~ No Algarve, cultivam-se acelgas. Aprecio em salada e sopa.

    ~ Vou passar esta semana em casa do meu irmão, em Lisboa.
    ~ Como festejas o Natal, calculo que também festejes a Páscoa.
    ~ Então, aproveito para desejar-te uma Páscoa feliz, doce e muito docinha.
    ~ Gostava de saber como festejam esta quadra por aí...
    ~ Que tudo te corra da melhor forma, com paz e alegria.

    ~ ~ ~ ~ Beijinhos primaveris, chuviscados. ~ ~ ~ ~

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    Respostas
    1. Oi, Majo!
      Realmente a beldroega deve ser intercalada com outras folhas; tudo que é demais, estraga.
      Eu gosto de consumí-la crua, duas vezes na semana, no suco verde, e para a família coloco no sanduíche ou faço salada. Crua, a proporção é sempre pequena.
      Também é importante usar as duas variedades - a grauda e a miúda, para melhor controlar os princípios ativos.
      O áciod oxálico existe na proporção de cerca de 1%, e quem tem problemas renais deve evitar a hortaliça.
      Em contrapartida, há boas concentrações de ômega 3 e diversos outros nutrientes benéficos.
      No meu caso, aprecio por ser nativa, sem agrotóxicos, e por recordar minha infância rural.

      Quanto à páscoa, comemoramos geralmente com almoço em família e ovo de chocolate na sobremesa. Na sexta-feira, ficamos mais introspectivos e não comemos carne, mais por tradição e respeito que por religiosidade.
      Também lhe desejo linda páscoa, que renasçam seus sonhos e receba boas energias!
      Beijos chuviscados também daqui, enfim.

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  2. ~ ~ ~ Grande abraço. ~ ~ ~

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