9.8.14

Ciúme

Sempre ouvi de quem tem mais de um filho, a questão do ciúme e das guerrinhas que o fato acarreta. São disputas pelo mesmo objeto ou local, pelo carinho dos pais, nas compras, nos presentes, pratos favoritos.
Lá em casa da mãe, meu irmão mais velho (falecido) tinha um certo ciúme do temporão, pois perdera o posto de caçula. Temporões sempre recebem tratamento diferente, visto que os pais estão mais maduros e maleáveis.
Aqui em casa não há irmãos e o filho resolve ter ciúme do próprio pai. Vez por outra diz que eu gosto mais do pai que dele, que cuido muuuuito melhor do pai... e não é que noutro dia a namorada confirmou a versão dele, dizendo observar que assim procedo?
Talvez despercebidamente eu cuide melhor do "velho", pela síndrome metabólica, pelo excesso de trabalho na oficina, pelo fato do meu "bebê" estar perto dos 30... não é um caso de exclusão, de rejeição, apenas de prioridades.
Quando fiz pós graduação na PUC, em 1998, uma das professoras deparou-se com crise de choro duma aluna ao abordar este tema. A moça disse ter um problema com a mãe. Qual foi a surpresa geral quando a Profe afirmou mais ou menos assim:
"_Você é absolutamente normal. Faz parte da construção da personalidade este jogo de apego e afastamento em relação aos pais. Descontentar-se com algo que os pais (ou um deles) fazem ou fizeram é sadio e  corriqueiro".
A própria professora disse que aos quinze anos foi posta na universidade longe de casa (era precoce) e se sentiu completamente abandonada por seus pais. Ele, militar, era rígido em demasia. Ela, a mãe, era submissa em demasia.
Esta aula foi uma das que mais me marcaram na PUC, e a partir daí fui analisando por outro ângulo a minha relação com  meus próprios pais e com meu filho; passei a analisar os comentários de amigas e atitudes de familiares. Até mesmo quando os pais são permissivos há queixa!
Geralmente apenas um dos pais é eleito "bode expiatório", porém há casos em que ambos vão à berlinda  e há casos mais evoluídos em que a pessoa não revela descontentamento algum.
De pais para filhos, obviamente quando há mais de um, também há favoritismos e reclamações, embora mais sutilmente (nas atitudes) e inadmissíveis no discurso "politicamente correto". Quem leu o livro "Éramos seis" nota bem o favoritismo do pai pela menina e da mãe pelo mais inteligente dos três garotos, embora totalmente velado. Até o favoritismo da empregada por uma das 4 crianças transparece.
Quando sabemos não se tratar de algo só nosso, pois existe nas melhores famílias, fica tão simples, tão leve... sem neura. Então, se você já reclamou de um dos pais ou um de seus filhos já se sentiu rejeitado, ou se você já sentiu  ciúme dum irmão, você também é normal!  
Imagemdaqui

4 comentários:

  1. É verdade, geralmente um dos pais é feito de bode expiatório.

    Achei graça no teu filho ter ciúme do pai! Na maioria das vezes, é ao contrário, né? haha

    Beijinho!

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  2. Os filhos sempre acabam se apegando mais a um dos pais, deve ser inconsciente. Eu era mais próxima ao pai, batíamos as ideias.
    O Cláudio é um perfeito "Fiotão", quer os dois pais à volta dele.

    Beijão, Companheira

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  3. ~
    ~ ~ É muito interessante esse ciúme do teu fiotão... kkk...

    ~ ~ Parece coisa de criança e denota que é muito cuimento-- não aprendeu a dividir...

    ~ ~ ~ ~ Beijo muito amigo, ~ ~ ~ ~

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  4. Quem não tem problema (ou irmão), inventa!

    Bjs

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