13.8.14

Mentes Inquietas

Na semana passada, participei de uma palestra com a autora do livro. Uma psiquiatra hiperativa (TDA/ H) estudiosa do tema - reunindo teoria e prática.
Até alguns anos, aprendíamos que pessoas com Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade ou Distúrbio de Déficit de Atenção tinham a mente lenta, e com isto compensavam agindo agitadamente. Na prática em sala de aula, algo destoava... hoje se provou que a mente inquieta dos hiperativos pensa 5, 10 questões ao mesmo tempo e não consegue organizá-las devidamente. Daí o agito.
Quem não conhece uma pessoa agitada, elétrica, distraída, impulsiva, esquecida, desconcentrada? Muitos adultos não foram sequer diagnosticados até hoje, quanto menos tratados e medicados, se for o caso.
São pessoas extremamente sociáveis e afetivas, porém enfrentam problemas nos relacionamentos amoroso e sobretudo no trabalho, devido à desorganização temporal ou espacial e a certas compulsões. Um exemplo é a mulher estar constantemente estourando o orçamento familiar, devido à compulsão por compras, ou vice-versa.
No trabalho e em muitos outros projetos, costumam ser "fogo de palha"; são corredores de curta distância. Uma senhora hiperativa conhecida minha, sempre tão altruísta, marcou um passeio com os idosos. Na data, todos aguardavam-na e ao ônibus em frente à igreja. Nem uma, nem outro apareceu - ela simplesmente se esquecera do combinado. 
Muitos perdem o emprego e o casamento devido a esses deslizes típicos, embora seja uma delícia conviver com eles esporadicamente. Acidentes também são muito mais comuns com hiperativos, pois possuem menor noção de perigo e maior impulsividade - nunca dê uma moto a um hiperativo!
Algo interessante que a palestrante Ana Beatriz B. Silva salientou foi sobre o contraste hiperativo, TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo). Num relacionamento, essa dupla se atrai; depois o TOC tenta mudar o DDA e a relação desanda. No trabalho, a convivência TOC / DDA também é conflituosa, pois um é geralmente organizado demais e não se conforma com o "desleixo" do outro.
Um TOC sempre aponta o hiperativo como um caso de inclusão, mas nem sempre se considera igualmente "anormal". A autora salientou que não há mente perfeita. 
Eu mesma já desconfiava de meu apego ao tempo - sou uma TOC do tempo - não consigo atrasar horários, tarefas, não falto ao serviço, não quebro a rotina que esperam de mim. Chego ao trabalho 10 minutos antes da hora, acordo às 4 e meia da manhã inclusive em feriados.
Eu já fui pior: por duas vezes apenas cheguei atrasada ao trabalho (uma quando era solteira e outra quando entrava às 6 h 00), me lembro feito hoje da vergonha que passei!
Como o pobre é sempre seu próprio (e melhor) psicanalista, fui me conhecendo, me lapidando e fiquei mais maleável; todavia, com as tarefas de casa do curso, fico desesperada para terminá-las com um bom tempo de sobra. 
Nunca pago uma conta no dia do vencimento; nunca pego um livro emprestado sem prazo de devolução (que eu determino) e se o prazo espira, devolvo sem terminar; nunca chego atrasada a uma festa, mesmo sabendo que todos os outros convidados o farão.
Tenho mesmo Transtorno Obsessivo Compulsivo em relação ao tempo... Obsessão pelo tempo e Compulsão por comedimento, economia, equilíbrio nas finanças. Contudo não ligo para higiene e organização espacial - nesses quesitos sou normalíssima; meu senso estético e vaidade são medíocres.
Ah, não faz mal, tanta gente tem obsessões ou compulsões e não se conscientiza disso! Recomendo a leitura de "Mentes Inquietas" não só para hiperativos, mas sobretudo para Obsessivos,  Compulsivos e Pocessivos que ainda não se reconhecem como tal.

2 comentários:

  1. Cristina, gostei muito do post, acho que tenho dias em que tenho DDA e noutros TOC ;) Não há mentes perfeitas! Beijinhos!

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  2. Oi, Ana!
    Então você é uma mistureba... bem vinda ao clube das mentes em ebulição.

    Bjs de cá

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