15.8.14

Viver "pasamiga"

Aqui, na altura de meus 50 anos, olho para trás e me lembro de cada rostinho, cada amiga íntima e fiel que me marcou e me completou desde a infância.
Foram primas, vizinhas, colegas de escola ou de trabalho que tanto me ensinaram, me fizeram rir, ouviram minhas mágoas e eu as delas, fizeram companhia nos momentos de insegurança.
Casei-me aos 20, tive filho aos 21 e passei a ter no marido "aquela principal amiga", as outras foram se tornando cada vez mais coadjuvantes. 
Coadjuvante também fui eu muitas vezes, enquanto fazia papel de segunda amiga em algum trio ao longo da adolescência. Poucas vezes me melindrei com este posto, ele me contentava e não me exauria tanto.
Interessante é que uma amiga cumpre um determinado "cargo" num contexto específico, e se o contexto muda, a amizade deve se adequar, ou acaba se esvaindo. Por exemplo: se são amigas no trabalho e uma muda de emprego, se terminam o curso que faziam juntas, se deixam de ser vizinhas, se uma se casa...
Perdi muitas grandes amigas numa destas situações... parece que a relação de interdependência é o fio condutor que mantém a "mão dupla" da amizade. Uma relação purinha, sem um mínimo de afinidade ou pertencimento requer algo mais para perdurar.
A dias me encontrei com uma antiga amiga e o calor da intimidade havia desaparecido, éramos duas conhecidas que tudo sabiam uma da outra e desaprenderam, agora a química mudou. Parece que a gente se olha e enxerga um passado, uma época congelada na memória que pouco diz do nosso eu atual.
Imagem daqui

4 comentários:

  1. Oi, Cristina!
    Muitas pessoas passam por nós, mas poucas permanecem. A afinidade vai além da convivência e se a afinidade muda é porque os interesses também mudam. A vida nos molda e com o passar dos anos, amizades são deixadas para trás quando não se adéquam mais ao que nós classificamos amizade. Se antes nos contentávamos com uma amizade rasa, a maturidade já não mais se satisfaz com a falta de profundidade. Nessas horas lembro da pirâmide alimentar... :)
    Beijus,

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  2. Olá, Luma!
    A pirâmide alimentar e a pirâmide das necessidades de Maslow...
    Muitas vezes penso em me reaproximar de algumas amigas que mais me marcaram e fazem falta, contudo elas têm marido, filhos, uma vida agregada que não tinham à nossa época, então desisto.
    Na outra ponta, eu tenho encontrado ultimamente uma senhora que me chama pelo nome na maior intimidade e eu não me lembro dela, nem mesmo de sua voz. Pela idade próxima, deve ter estudado ou trabalhado comigo. Situação terrível!

    Bjs de cá também.

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  3. ~
    ~ Faz dois anos encontrei-me com a minha melhor amiga e tive um choque. Depois de uma festa inicial, descobrimos que éramos duas estranhas. Tinhamos evoluído em sentidos completamente diferentes. Ela sem necessidade de exercer profissão, eu na labuta do ensino...

    ~ Eu não queria acreditar que fosse possível sermos tão diferentes e estranhas.

    ~ ~ ~ Beijos pedagógicos. ~ ~ ~

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  4. Então, Majo, como o tempo é implacável! Nós vamos tecendo teias à nossa volta e tornam-se labirintos para retomar o passado.
    Tenho tanta saudade de certas amigas de antigamente, contudo sei que estão assim, encasuladas noutro mundo, como eu mesma.

    Bjs também pedagógicos

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