30.9.14

Burburinho

Numa cidade média-pequena (80.000), quando falece alguém popular os habitantes ficam em polvorosa. A três semanas, um dos cinco irmãos, empresários que exportavam granito, jogou-se do prédio mais suntuoso da cidade.
A família estava falida, e ele fora o solteirão playboy até entrar em depressão profunda nos últimos anos. Todos comentavam chocados e boquiabertos... como foi possível seguir de um extremo a outro, assim?
Esta cidade aparentemente possui um índice de suicídios acima da média. Ninguém quer tirar a própria vida e sim o sofrimento, angústia extrema. É um grito de socorro tardio, ecoando e fantasmando na nossa consciência.
Hoje, um infarto vitimou outro empresário popular, do ramo de petiscos industrializados (batatas). Está difícil circular pelas imediações do local de velório, tamanha aglomeração. O impacto na vida familiar (deixa mulher e filhos) e na empresa só pode ser imenso, gerando um longo vácuo.
Em contrapartida, há anônimos que perdem os seus cá e acolá, e muitas vezes nem nos damos conta. Enquanto eu era atendida por mais de uma hora com especialista no INSS, no guichê ao lado outra senhora desandou a chorar.
Passou a relatar como perdera o filho no trânsito, e o imprudente que o vitimou fica postando fotos no "face" com latinha de bebida em mãos, pois ainda não houve julgamento. É uma situação difícil estar ao lado da cena, recebendo fluídos de total desolação.
Resta aceitar que o tempo aos poucos amenizará marcas tão sulcadas, nesse imbricado jogo de vida e morte a permear tão consciente e significativa existência humana.

6 comentários:

  1. É Cris...muito difícil quando uma vida é ceifada em função da irresponsabilidade do outro.Diferente é o suicídio...o sujeito decide não mais viver! Adorei sua visita por ocasião do meu ano novo. Obriagada pelo carinho.
    Beijuuss

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  2. Olá, Regina!
    São confabulações que nos assolam, conferindo humanidade...

    Grande beijo procê também!

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  3. Assolam mesmo. Quando esses pensamentos me pegam... prefiro não pensar, mesmo.

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  4. Oi, Companheira!
    Trabalhar a mente e exercer o auto conhecimento podem nos ajudar no auto domínio. Já estive depressiva: não conseguia usam batom, salto alto, soltar o cabelo.
    TUDO ERA CINZA... após reuniões no grupo "Neuróticos Anônimos", passei a pensar mais em mim e menos na opinião alheia - procurei ter equilíbrio e serenidade.

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  5. ~
    ~ ~ Em Portugal, oa suicídios aumentaram com a crise, mas em Espanha houve uma época sinistra com bastantes, numa altura em que as pessoas eram despejadas dos apartamentos, porque os bancos aumentaram os juros dos empréstimos para comprar casa.

    ~ Então, os bancos mudaram de tática e passaram a transferir as pessoas para apartamentos menores.

    ~ ~ Tragédias.

    ~ ~ ~ XX ~ ~ ~

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  6. Os conflitos cotidianos e a oscilação econômica afetam profundamente determinadas pessoas, e os bancos só querem lucros...

    Até mais

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