15.12.14

Medicina

argentina
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Consultei com a Maylen, "minha" médica cubana. Só faltei pedir exame de próstata, já explicando que nunca tive sequer uma dor de cabeça - sou aparentemente saudável.
Obviamente eu preferiria um viking norueguês todo loiro e com olhos azuis, contudo descobri que os noruegueses não estão muito a fim de serem médicos... Ser caminhoneiro ou trabalhar no petróleo oferece quase os mesmos rendimentos - país socialmente correto e tal.
Então na Noruega muitos médicos são estrangeiros? É. Não sei se são indianos e paquistaneses como nas redondezas do Reino Unido. Talvez "primos pobres" da própria Escandinávia. 
Voltando: Ela fala português - com sotaque, claro. Lê e escreve em português. Aprovou meu escalda-pés de "sal amargo" para o Par, frisando que o exame de ácido úrico deve ser semestral e não bienal como o médico anterior ditava. Explicou que não posso ter tantas esperanças com esporão, é uma calcificação complicada de se dissolver (eu sabia, mas...).
Questionei os funcionários do SUS sobre as novas colegas cubanas: Um  rapaz acha ótimo, o povo é olhado no olho e elas cumprem horário o dia todo (cochichou: os outros deveriam fazer 4 h 00 e fazem quarenta minutos). Isso eu constato - sou vizinha a 26 anos.
A outra disse que parou de ser xingada: O que os doentes não tinham coragem de dizer na cara do médico "atencioso", descarregavam nela. 
A terceira reclamou que o público aumentou, nem tem mais tempo para um lanchinho - está estafada e pensa em reclamar. Antigamente só havia público de manhã (claro, em quarenta minutos não tinha mais médico).
Questionei os doentes: Dizem que elas são boazinhas, dão exames que precisam, não carece esperar semanas para a consulta. Não querem mais passar com os médicos antigos que desfaziam deles. Mas amavam o Dr. tal (um que se aposentou).
Encontrei este site. Ele não explica que "certos" médicos brasileiros atuam no consultório particular no horário em que ainda deveriam estar no SUS e possuem em média de três a quatro empregos, emperrando a qualidade.
Também não entendi sobre o exame "Revalida": Em 2012, 92% dos médicos foram reprovados. Eram brasileiros com curso de medicina feito no exterior ou pessoas estrangeiras querendo trabalhar aqui? Não são deste projeto, visto que não requer o exame... 
Oferece R$ 10.000,00 para o médico estrangeiro ou ao país de origem dele? É verídico que Cuba (ou ONG) repassa só 10% para seus médicos? Isso é no mínimo complicado...
O Brasil compara o número ideal de médicos ao Reino Unido (2,7 / 1000- incluindo aqueles indianos e paquistaneses), mas não leva em conta que nossos 1,8 por mil habitantes estão maciçamente na rede privada, com uma passadinha no SUS.
E eu não imaginava que há tantos médicos bolivianos aqui... Mas não há indianos e paquistaneses.
Achei os argumentos dos médicos e do governo fracos. São inúmeras medidas a serem tomadas pelo governo, entretanto não custaria nada nossos médicos serem um tiquinho mais humanistas no SUS. 
Eu que tenho seguro saúde e transito nas duas esferas sinto na pele a diferença entre consultório, ambulatório do seguro  e SUS.
Meu seguro é da Santa Casa e olha, o ambulatório deles tem cada médico péssimo... Meu Par levou uns pontos e ficou hora e meia aguardando. Foi tão mal atendido que tirou os pontos sozinho em casa. Antes tivesse ido ao Pronto Socorro do SUS.
E a qualidade de médicos cubanos, bolivianos, indianos e paquistaneses seria assim tão inferior à brasileira? Vê-se tanto erro médico entre os nossos também. O site fala em avaliação, treinamento e supervisão de estrangeiros... Como seria?
Na verdade, o que eu sonho mesmo é com o empoderamento dos enfermeiros que possuem um bom curso universitário, fazem especialização e são relegados a segundo plano. Há tantos procedimentos feitos por enfermeiros lá pelas bandas da Europa... 
E historicamente o Brasil recebe mão de obra estrangeira, desde a escravidão. Se fossem professores cubanos para a educação básica haveria tanta polêmica? Qual o grilo da coexistência? Para os pacientes, quanto mais opções, melhor.
Aqui há maiores explicações. Quem tem dúvidas, é só marcar uma consulta no SUS mais próximo e especular a todos os envolvidos, constantando in loco.

7 comentários:

  1. Oi, Cristina!
    Médicos cubanos estão espalhados pelo mundo todo. Eles pegam conhecimento, reciclam, levam para seu país, retornam para outro país e nesse ciclo eles se tornam especialistas não somente na medicina mas no trato com as pessoas.
    Veja que engraçado. Na Noruega ninguém quer ser médico pois é uma profissão que precisa estudar muito. Então concluo que até mesmo os noruegueses têm preguiça de estudar.
    O brasileiro quer fazer medicina por status mesmo sabendo que é uma faculdade difícil. As faculdades particulares aqui são caras e os livros em sua maioria não são traduzidos para o português. A conclusão é que para fazer faculdade de medicina aqui no Brasil, basta ter dinheiro e talvez por isso o nível profissional seja tão baixo. No passado, os futuros médicos podiam estudar em outros países da américa latina, pois havia um tratado nesse sentido, estudantes vinham, estudantes iam... As faculdades de medicina em outros países não é tão cara quanto aqui... A conclusão é que os médicos cubanos por tanto esforço em deixar a família para trás e se aventurarem em novos conhecimentos, devem mesmo gostar do que fazem.
    Boas festas para você e sua família! Que seu natal e ano novo sejam abençoados!
    Beijus,

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    1. Oi, Luma! Como vai?
      O que você concluiu sobre a Escandinávia faz todo sentido, afinal essa briga pela medicina aqui, tem a ver com $ e o status inerente.
      Espero que a parceria com Cuba vingue (inclusive com viabilidade econômica para seus médicos), afinal até Obama baixou a guarda...
      Um ano iluminado e frutífero para você!

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  2. Eiii Cris! Não poderia deixar terminar esse ano sem vir aqui e registrar minha gratidão por seu carinho, amizade (já renovei nosso contrato viu?!) palavras de encorajamento e amor. Desejo um natal de muita LUZ, AMOR E PAZ. Que em 2015 nosso PAI continue a cobrir você e seus amados de bençãos! Beijuuss

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    1. Olá, Regina!
      Grata pelo carinho!
      Também desejo a ti e aos seus um ano sereno e repleto de saúde. Bençãos divinas!

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  3. ~ ~ Parto do princípio que estás doente, caso contrário, terias deixado uma mensagem para os teus leitores.
    ~ ~ Rápido restabelecimento. ~ ~

    ~ ~ ~ Abraço amigo. ~ ~ ~

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  4. ~ Desejo que estejas de saúde, gozando umas boas férias... ~

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    1. Oi, Majo!
      Estou bem!
      Tive uma falha técnica, viagens, visitas, eventos, correria para fechar o ano... Ufa, voltei.
      Desculpe a ausência. aos poucos vou abrindo seus e-mails.
      Beijos e excelente 2015.

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