29.3.15

Cozinha pragmática

Aos 13 anos, trabalhando num açougue de frangos e salgateria, aprendi a fazer nhoque,  coxinha, croquete e sobretudo farofa, quibe, panqueca, salada maionese, e frango assado, que me salvam até hoje. Com exceção do nhoque, nenhum desses pratos acima havia entrado em minha casa.
Minha mãe, vinda da roça, só fazia arroz, feijão, polenta, macarrão e sopa de vez em quando. O nhoque era a cada quinquênio. Frango e carne de porco, só refogados; não se assava carne.
Me lembro quando estava no final da segunda série primária, uma de minhas primas se formou na quarta, no período oposto. A professora dela comprou ingredientes e a merendeira fez pizzas, guardando um pedacinho para cada um de nós que estudávamos à tarde. Gente, eu nunca havia saboreado  algo tão diferente e delicioso! Passei mais  uns seis anos até experimentar novamente - não era coisa da roça.
Após aprender os pratos citados acima, todo fim de semana eu tinha que preparar algo, se quiséssemos variar o cardápio. E meu irmão (falecido) apreciava muito.
Atualmente preparo o almoço de madrugada, tudo rapidinho. O feijão e parte da carne faço fim de semana e congela para os 5 dias úteis. Marido almoça 11h00, antes da saída de seus colaboradores, pois a oficina não fecha. Chego meio dia da escola e aqueço o prato em micro-ondas (eletrodoméstico controverso).
Ontem, fiz esse lombo de porco caipira que comprei do primo e congelei parte prá semana. Dourei cebolas no caldinho da panela e engrossei com um pedaço de mandioca amassado. 
Servi com arroz de legumes e manjericão, acrescido de lentilhas ao louro, azeitonas e muito cheiro verde. Fiz a lentilha com gordura desse porco - quantia mínima. Bem mais salubre que os óleos industrializados, cheios de química, e o sabor é outro.
Água para beber e fruta de sobremesa.  Aliás, de uns tempos prá cá, acho muito chique a água nas refeições, mas eu só bebo uma hora mais tarde, ou meia hora antes.
Exerço a cozinha pragmática - só preparo o necessário, sem enfeites, aproveitando as mesmas panelas para não acumular louça suja. Abuso dos legumes refogados, pois a salada não me anima. Na sobremesa, come-se fruta in natura, que é mais fácil e salutar.
Abuso da feira livre, onde vou toda madrugada de terça-feira. Compro ervas, pois uso muito. Tudo que vai na pressão, coloco louro semi fresco. Em massas, coloco o manjericão que tenho no vaso. Salsa e cebolinha procuro usar bastante, pois enriquecem os pratos com nutrientes.
Nesta semana comprei isso, mas vario alguns itens - outros levo sempre. Vou colocando direto na sacola para evitar excesso de embalagens. O queijinho frescal e a mandioca estão embalados ali à esquerda.
Couve, alface, louro fresco, cheiro verde, 1 pepino, cenoura, milho e berinjela e duas beterrabas mínimas, só prá ralar ou enriquecer molho de tomate.
Dois tipos de banana, maçã, laranja, mamão, goiabas pro lanche do filho. Gengibre, limão e abacate sobraram da semana passada. Coco seco e verde, peguei no mercado.
Não me apetece comer fora, a menos que seja numa das cidadezinhas vizinhas ou em restaurantes rurais, muito comuns por aqui; entretanto não pode ser sempre, senão perde a magia. 
Também não sou muito chegada em comer em casa de parentes - é que não me amarro em ir à casa das pessoas, prefiro locais públicos com natureza. Se pinta um churrasquinho na cachoeira ou algum piquenique, estou dentro!
Lendo o post da Lucinha, que também anda às voltas com a cozinha, me dei conta de que antigamente eu nunca pensava que cozinhar poderia ser um dom ou prazer - era apenas parte do cotidiano, como tomar banho.
Um almoço tranquilo para vocês!

12 comentários:

  1. Gostei muito deste post! A cozinha pode ser – tb passo por fases – um ambiente recuperador de energias, calmante... quando feito por gosto! : )
    Por obrigação já é outra coisa. : )
    Bjos

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    1. Olá, Catarina!
      Ui! Você com seus maravilhosos pratos e eu no absoluto trivial. Fico até acanhada... Gosto de cozinhar quando não me dá muito trabalho.

      Bjs do sul

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  2. Que post bom e dá boas dicas para uma semana organizada, Cristina. O tempo tirou a disposição de muita gente, ou estão usando-o como vilão, pois vc bem prova que dá para cozinhar numa boa, desde que seja nossa vontade. Eu não sinto vontade nenhuma, cozinho porque preciso, mas se o faço vou com força. rs
    Beijo e uma boa semana, farta de delícias. Na cozinha e na vida.
    Obrigada por me citar, adoro essas delicadezas suas.

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    1. Nós tivemos uma sintonia de pensamentos, Lucinha!
      Enquanto eu descarregava as fotos fui te lendo e adorei estarmos no mesmo tema.

      Uma semana iluminada e tranquila também procê!

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  3. ~ Deixei de comer carne de aves e como a vermelha duas vezes por semana pelo ferro heme. Tenho dias marcados para não me esquecer.
    ~ Não como todos os dias ovos, apenas 3vezes/semana.

    ~ Nos dias em que não como ovos, habituei-me a fazer pratos vegetarianos; estufados de lentilhas - ou outra leguminosa - com arroz, são pratos que me deixam absolutamente satisfeita.

    ~ Nas últimas lentilhas (descascadas) que confecionei coloquei cebola, alho, louro, alga Kombu, cogumelos, abóbora, ervilhas e espargos verdes. Faltou o aipo.

    ~ Depois de pronto envolvi em coentrios picadinhos e o tempero que preparei com azeite, alho esmagado e tumérico.

    ~ ~ Levemente picante, uma delícia!
    ~ ~ Termino com um pouco de fruta rica em vitamina C.

    ~~~~~Grande abraço. ~~~~~
    ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

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    1. Seu ensopadão me deu "salivância"! Alga e cogumelos são incomuns por este sertão.
      Também estou abusando da cúrcuma (tumérico) no feijão, carnes ou diluída em água. Achei que no feijão realçou a cor, encorpou, agregou sabor.
      Não abuso das carnes, uso-as com temperança. Gosto de todas, inclusive dos miúdos e partes exóticas, feito pé de frango, língua bovina - tudo.
      A picância me explodiu a gastrite nesta semana - pimenta prá mim é 8 ou 80. Abuso uma vez ao ano; de reto, abstenho-me porque sou viciada.

      Outro abraço refastelado

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    2. ~ Não é ensopado, Cris.
      ~ Os meus estufados ficam quase sem molho - tenho essa preocupação - mesmo quando levam tomate.

      ~ Lentilhas, algumas ervilhas, abóbora em cubinhos e os espargos em fatias finas circulares cozem em dez minutos e repousam dois, porque outra preocupação é cozer o menos possível a fim de preservar as vitaminas.

      ~~~~Beijos~~~~~~~~~~~~~~~
      ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

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    3. Esse termo "estufados" me remetia a um ensopado espesso, então na verdade trata-se de um refogado...
      O importante é que são saudáveis e parecem deliciosos. Apenas os aspargos não são comuns por aqui. Há em conservas, mas são caros.
      Também deixo cozer desligado por algum tempinho, ajuda a deixar no ponto.

      Abreijos

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  4. Cozinhar é arte.
    Em Minas há um encantamento com gastronomia que me embala pela variedade de folhas na culinária.E lendo sua postagem fiquei relembrando das hortas e pomares.
    Este lombo esta muito bonito, era uma especialidade de minha mãe.
    Abraços

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    1. Sou doida pelas folhas de Minas: Taiova, serralha, trapoeraba (que tenho), beldroega...
      Lombo de porco caipira, criado com dignidade, ao natural. A gordura de um porco assim, usada com parcimônia, pode ser menos maléfica que óleos industrializados.

      Outro abraço

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  5. Uma das coisas que mais gosto no seu blog, sao os textos sobre culinaria. Aprendo muito sobre cozinha brasileira como por exemplo novos produtos que aqui nao tem ou tem pouco. A propósito, tem agora uma loja brasileira aqui onde moro, muito simpática. Comprei la um pacote de farinha de milho e fiz um bolo com coco. Pode ver fotos na minha conta google+. Ficou muito bom.

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    1. Bolo de coco? Vou procurar a foto... Essa farinha de milho deve ser o nosso fubá. O bolo (bombocado) de mandioca com coco também é divino.
      Aqui no interior, chamamos farinha de milho a uns flocos gostosos que usamos em farofas, cuscus e comemos com leite gelado, feito os cereais americanos.

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