1.12.15

Jejum - anjo ou satã?

“O jejum é o maior dos remédios, é o médico interior” 
“Eu jejuo para uma maior eficiência física e mental” 
Platão
O relaxamento e leveza alcançados no período de jejum acontecem por ficarmos fora do chamado período pós-prandial: Na digestão, o fluxo sanguíneo se desloca ao sistema digestório, rareando no restante do organismo, consumindo demasiada energia. 
Em refeições pesadas como churrasco e feijoada, o tempo da digestão pode durar de 6 a 16 horas, dependendo da quantia, mastigação e gorduras.
Sem contar as besteirinhas venenosas empurradas goela abaixo de hora em hora, que nem consideramos alimentos depreciativos...
Por isso, sentimos tanto sono após uma grande refeição. Em jejum, dormimos mais suavemente, necessitando menos horas para acordamos revigorados.
A prática do jejum é uma sabedoria milenar para elevar o espírito e poupar o organismo. Um poderoso ato de transcendência, onde as células entram em uníssono.
Questão de seriedade, prioridade e interesse abrandar o corpo que não é insaciável. Jejuar é uma riqueza antropológica a ser reconquistada.
Nossos indígenas brasileiros jejuam em diversas ocasiões especias, conforme cada etnia: matrimônio, maternidade, puberdade, doença de parente, intempéries...
Descansando o paladar por aproximadamente 24 horas, aviva-se os outros quatro sentidos para melhor usufrui-los. Ao retirar o corpo do palanque, alcança-se um estado de maior desapego material e das paixões da carne.
Para pessoas desregradas com a alimentação, propicia o reempoderamento do próprio corpo.
Enxerga-se melhor o interior de si mesmo e a auto comunicação flui, levando a um estado de serenidade digna e contemplativa, em saudável equilíbrio com o cosmos.
Não à toa, gula é um dos sete pecados capitais, entretanto jejum não implica teste de resistência, ato heroico punitivo ou de mortificação. Exatamente ao contrário.
Após período de estudos aprofundados e adaptação, se ainda não houver o propósito de se fazer pequeno e conectado, com convicção de bem estar, o jejum deve ser adiado.
Nós funcionamos com dois tipos de combustíveis: glicose (carboidrato) e gordura; entretanto no mundo moderno só utilizamos carbos (açúcar), deixando o organismo menos resiliente.
O jejum, função biológica ancestral diminui inflamações, aumenta a produtividade, gera novos neurôneos, melhora a meditação - autoconhecimento, recicla nutrientes, renova a estrutura metabólica, elimina componentes tóxicos, fortalece a imunidade, produz hormônios deficitários, rejuvenesce tecidos, amplifica a eficiência física e mental.
Animais silvestres sempre jejum quando doentes. O próprio corpo clama pelo jejum em estado de convalescência. Basta ouví-lo.
Eu pratico o jejum intermitente no protocolo 6 x 1 (seis dias comendo e um descansando). 
A adaptação é importante para que o organismo aprenda a "trocar o combustível", sem efeitos colaterais - irá queimar  a gordura propositalmente estocada (caderneta de poupança) em vez dos habituais carbos. Nossa "barriguinha" não está ali só por enfeite!
Passar um período com menos carbos densos e mais gordura boa para adaptação é importante. Há vários protocolos a ser exercidos paulatinamente a partir de períodos preparatórios em estado de monodieta.
Até me adaptar, usei caldo de carne e ossos caseiro com muito tempero natural, só jantar e almoço, uma vez na semana.
Os macrobióticos fazem a monodieta com papa de arroz integral (não são adeptos às frutas). Os adeptos da Ayurveda usam legume (sopa), sucos verdes, chá ou suco com fruta de baixo índice glicêmico (eles prezam mais a monodieta que o próprio jejum). 
Após a etapa de monodieta, segui gradualmente com jejum de 16 horas entre domingo e segunda-feira, fui ampliando até me estabilizar em 24 horas com muita água, 1 um suco verde coado e 1 chá sem adoçar.
Quando julgo necessário para o equilíbrio geral, pratico jejuns mais longos para fins de regeneração profunda, contudo é para "iniciados".
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Dr. Jason Fung - Toronto, no Canadá, lista os principais benefícios  do jejum na Síndrome  Metabólica:
  1. Redução do peso corporal extra
  2. Manutenção da massa magra
  3. Diminuição drástica da cintura
  4. Alteração mínima da HDL
  5. Reduções drásticas no Triglicerídio (e glicemia)
  6. Reduções no LDL ou aumento nas partículas (exceto casos genéticos)
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Mitos, segundo Dr Fung:
  1. Coloca-nos em modo de 'fome'
  2. Vai oprimir-nos (deixar irritadiços) pela fome (afaste a mente de comidas)
  3. Provoca excessos (compulsão) quando voltar a comer (basta trabalhar isso internamente, persista)
  4. Faz perder músculo  (então por que armazenamos gordura?)
  5. Priva o corpo de nutrientes (temos estoques suficientes para se reciclarem)
  6. Provoca hipoglicemia (diabéticos devem obrigatoriamente estar sob controle médico)
  7. O cérebro precisa de glicose para funcionar (opção - cetose)
  8. É apenas "louco" (basta ater-se à ancestralidade e estudos teóricos)
Imagine nossos ancestrais num inverno rigoroso, onde comer era um luxo para "de vez em quando". Ao ler "O longo Inverno" de Laura Ingalls Wilder, fica claro a preciosidade do jejum para nossa sobrevivência a não muito tempo assim.

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