30.10.19

A dieta do gladiador (hordearii)


Os gladiadores eram provavelmente vegetarianos gordos...
FONTE Nota: texto de 2008
Fonte   e  fonte

No trailer do documentário The Game Changers, o lutador de MMA James Wilkes conta que se machucou e passou a estudar, descobrindo informações de que gladiadores romanos eram principalmente vegetarianos.
Nossa imagem percebida de gladiadores é parecida à foto acima à esquerda, também idealizada por Russell Crowe, exibindo abdômen trincado e músculos protuberantes: máquina de combate selvagem movida por plantas.
A realidade é mais parecida com a imagem acima à direita, um vegetariano gordo. 
O que sabemos sobre a dieta e a aparência física dos gladiadores parece diferente da retratada na arte clássica e na cultura popular contemporânea. 
Segundo pesquisas arqueológicas, seus músculos abdominais e peitorais provavelmente estavam cobertos por uma camada trêmula de gordura subcutânea.
As evidências sugerem gladiadores com dieta de cevada e feijão, e pobre em proteínas animais.
O conhecimento atual do físico dos gladiadores vem de um grupo de antropólogos médicos da Universidade Médica de Viena e de um túmulo de quase 2.000 anos.
O túmulo está localizado no que hoje é Éfeso, na Turquia. Quando os corpos foram enterrados, a área fazia parte do Império Romano.
Os pesquisadores foram capazes de identificá-los através da referência a um conjunto de relevos esculpidos nas lajes de mármore que marcavam o túmulo. 
Esses relevos retratam cenas de batalha e foram dedicados a gladiadores caídos.
A vala comum abriga os ossos de 67 gladiadores e uma escrava, considerada esposa de um dos homens enterrados ali.
Usando uma técnica chamada "análise isotópica", a equipe foi capaz de testar restos esqueléticos com elementos como cálcio e zinco. 
Isso lhes permitiu reconstruir parcialmente suas dietas.
Com base nas misturas elementares que eles recuperaram usando a análise, a equipe concluiu que os corpos na sepultura comiam poucas proteínas animais e muitas leguminosas.
Suplementavam cálcio bebendo um tônico de cinzas de ossos, devido à dieta deficiente e riscos de fraturas constantes. 
Essa dieta relativamente livre de carne também é descrita em textos da época: a História Natural de Plínio se refere a gladiadores pelo apelido hordearii, que se traduz em "comedores de cevada".
A maioria dos gladiadores era prisioneira de guerra e condenada, alguns se reuniram voluntariamente para ganhar salários após o término do período inicial de recrutamento.
A equipe de Viena postula que os lutadores ingeriam alimentos para ganho de peso porque a gordura extra criava uma camada de proteção corporal nas batalhas. 
As terminações nervosas teriam sido menos expostas e os cortes sangrentos teriam sido menos perigosos. 
Como benefício adicional, a camada protetora extra de gordura teria criado um espetáculo mais satisfatório: os gladiadores podiam ostentar feridas e jorrar sangue de forma circense. Como as feridas eram rasas, podiam continuar lutando.
A professora de Harvard Classics, Kathleen Coleman, que não é afiliada à equipe da Universidade de Viena, concorda com a noção de que a dieta do gladiador foi cuidadosamente considerada. 
Como todos queriam a melhor luta possível, ela diz: "Suponho que eles sabiam da ligação entre dieta e desempenho; certamente queriam engordar gladiadores". 
Mesmo que o baixo preço da dieta não fosse apenas uma medida de corte de custos, fontes antigas zombavam do 'mingau' do gladiador, como o chamavam.
Se esta pesquisa estiver correta, no entanto, por que um quadro aparentemente impreciso de gladiadores persiste por tanto tempo? A resposta curta: porque os antigos eram muito parecidos conosco!
Eles idealizaram corpos de maneira semelhante a um tipo antigo de Photoshop. 
Na Grécia antiga, por exemplo, ideias do corpo belo eram derivados de homens em competições atléticas e, para compensar a falta de verdadeira perfeição no mundo real, os artistas retratavam todos - gladiadores, deuses e filósofos - próximo de espécimes perfeitos.

21.10.19

Colesterol - explique pro seu médico

Hormesia

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Plantas não querem ser comidas. Para se defender, elas produzem diferentes armadilhas tóxicas, como oxalatos, fitatos, saponinas, lectinas, taninos, goitrogênicos e tantos outros. 
A fibra que recobre o arroz integral contém concentrações de arsênico (cumulativo no organismo); a mandioca crua é rica em cianeto, a batata contém solanina (berinjela, pimentão e pimentas, tomate).
A hormesis é uma resposta biológica favorável que às vezes ocorre quando somos expostos a quantidades administráveis ​​de toxinas ou estresse. 
Segundo os autores de um artigo de 2018:
Evidências emergentes sugerem que fitoquímicos horméticos produzidos por plantas com estresse ambiental podem ativar os mecanismos moderados de resposta ao estresse celular em um nível subtóxico nos seres humanos, o que pode aumentar a tolerância contra disfunções ou doenças graves." 
Em outras palavras, absorvendo baixos níveis de compostos tóxicos, pode-se fortalecer as células. Segundo Nietzsche: "O que não mata lhe fortalece". 
A dose produz o veneno. Infelizmente, nem sempre se sabe realmente qual é a dose correta de cada antinutriente para esses efeitos. 
Alguém que come todos os dias alimentos ricos em antimetabólitos pode estar bem acima do limiar de quaisquer efeitos horméticos benéficos teóricos. 
Quem estiver doente, eles podem facilmente deixá-lo mais doente, como é o caso de agressões intestinais, que diminuem a imunidade.
Mesmo as plantas sendo tão benéficas do ponto de vista antioxidante, elas têm esses efeitos colaterais, cuja gravidade varia por pessoa.
Exercícios, jejum, exposição ao frio, são outras formas de hormesia mais seguras. Pode-se controlar a dose e avaliar os efeitos com muito mais facilidade.

1.10.19

New York Times: carne

FONTE
O estudo explicado
FONTE EM PORTUGUES
MAIS (com outros vieses)
Do Diet Doctor
Nina Teicholz
Resultado de imagem para imagem carne de boi

As evidências são fracas demais para justificar que as pessoas comam menos carne, segundo uma nova pesquisa. Os resultados "corroem a confiança do público", disseram os críticos.
Se há benefícios à saúde ao comer menos carne bovina e suína, eles são pequenos , concluíram os pesquisadores.
"A certeza das evidências para as reduções de carne foi de baixa a muito baixa", disse Bradley Johnston, epidemiologista da Universidade Dalhousie, no Canadá, e líder do grupo que publica a nova pesquisa nos Annals of Internal Medicine.
Para avaliar as mortes por qualquer causa, o grupo revisou 61 artigos relatando em 55 populações, com mais de 4 milhões de participantes. 
Os pesquisadores também analisaram estudos randomizados que ligavam carne vermelha a câncer e doenças cardíacas (são muito poucos), bem como 73 artigos que examinaram as ligações entre carne vermelha e incidência e mortalidade por câncer.
Em cada estudo, os cientistas concluíram que os vínculos entre comer carne vermelha e doenças e morte eram pequenos, e a qualidade das evidências era baixa a muito baixa.
Isso não quer dizer que esses links não existam. Mas eles estão principalmente em estudos que observam grupos de pessoas, uma forma fraca de evidência. 
Mesmo assim, os efeitos do consumo de carne vermelha na saúde são detectáveis ​​apenas nos maiores grupos, concluiu a equipe, e um indivíduo não pode concluir que será melhor não comer carne vermelha.