24.2.13

Infância

Imagem:  http://produto.mercadolivre.com.br

Me situo bem lá atrás, iniciando a idílica década de 70 na roça, pelos meus 8, 9 aninhos, numa tarde ensolarada de domingo veraneio. 
Os caseiros da Fazenda "Santa Maria" foram levar costura à minha mãe: aquele bando de crianças traquinas se aglomerou.
Aproveitei para estrear meu novo par de chinelinhos havaianas. Subimos ao regato para brincar, pois era estação chuvosa e ele estava volumoso.
Este regato, tão inquebrantável em minha vida, na verdade é um canal acinturando a montanha, que abastecia com água diversas habitações sob seu curso.
Fora construído provavelmente por escravos, a levar água à antiga  fabriqueta de farinha de milho na fazenda do Tio Antenor.
Após muita brincadeira morro acima, adentramos o mesmo, onde ele desviava água para a casa do Tio "Lia". Ali se acumulava muita areia ao fundo, e a correnteza era forte.
Numa pisada mais funda, meu chinelinho ficou preso na argila mole debaixo da areia. Entrei em pânico, pois acabara de estreá-lo, estava novinho! 
Tinha convicção de que ele havia rodado regato abaixo, e segurando o outro com as mãos, pedi ajuda; campeamos por tudo logo adiante, fuçamos sob as moitinhas que se debruçavam na água, e nada...
Mais uma vez fui ter ao regaço de minha salvadora - a vovó me compreendeu sem xingatório e voltamos as duas à cena da tragédia. Experiente, ela remexeu a areia e arrancou milagrosamente aquela peça valiosa!
Me recordo vivazmente todo o frenesi inicial com a chegada das visitas; o desespero pela perda de um bem quase animista; e no desfecho, a delícia frutuosa; embutidos nesta infanta tarde domingueira.

13.2.13

Pocinhos do Rio Verde

Rampinha na ponte de pedra, para brincar com o jipe.
Aqui não há ponte, os peregrinos têm uma pinguela à direita, no mato. Nós adentramos o riacho fundo.

Videiras. Fazem vinho artesanal nesta região, perto de Andradas-MG. Logo atrás há inúmeras estufas de rosas.

Cantina da bocaina - cerveja caseira.  Cavalo elegantíssimo de um cliente.
Cachoeirinha no riacho caudaloso e límpido, de nascentes logo acima.

Restaurante em Pocinhos, onde almoçamos. Há pousada à esquerda. Cheio de turistas de cidades grandes. O prato especial é aquela carne suína pronta e curtida numa lata, recoberta de gordura (a "geladeira" dos antigos).

Cachoeira no Rio Verde, em Pocinhos. Aqui é um distrito de Caldas-MG. 
O escritor "Ruben Alves" tem (ou tinha) um sítio a poucos metros - aquele de porteira azul, subindo à esquerda. 
À direita (e sem porteira) fica o sítio "Rosa dos Ventos" onde seu amigo e também escritor "Carlos Rodrigues Brandão" reúne a molecada da UNICAMP. Ele anda descalço por este paraíso (amei ter sido sua aluna na PUC).
E depois disso tudo, fui direto ao sítio, dormi lá duas noites e me refastelei.

Caminho da Fé.

À direita é a subidinha para o "Pico do Gavião", que fica acima desta mata - ponto de decolagem para voo livre. Famosíssimo.
Os peregrinos seguem por cerca de 500 Km; haja devoção e determinação! Antes deste grupinho de idosos, encontramos uma dupla com uniformes na cor cáqui.
O Xandi (vizinho) segue à frente de troler, ladeado pelos eucaliptos.

Mais um membro do grupo de peregrinos, com seu cajado.

O cercado montanhoso no complexo alcalino de Poços de Caldas. O tão falado "vulcão de Poços", na verdade compreendia um grupo de quase vinte crateras; a maioria já sumiu pelas mãos humanas.

Estamos dentro deste enorme complexo vulcânico. Nas bordas há um veio de terra negríssima de uns 30 cm. Será resquício de lava? No google earth vê-se uma falha imensa esbrangendo-se para as cidades vizinhas.


Na estação seca, os barrancos afloram uma palheta de terras coloridas: roxa, rosa, amarela, branca, vermelha, ocre, negra. Há minérios radioativos (e placas de aviso). A CNEN (antiga Nuclebrás) extrai urânio e outros, a Alcoa extrai alumínio, a Cerâmica Togni extrai argila para refratários e louças sanitárias.

Há pedreiras que extraem granitos e exportam para a Itália e outros países (Carrara exauriu-se).

Rompendo a alameda escura.

Piloto com asa delta (no teto do carro) dando passagem. Segue para o pico do gavião.

No caminho de volta, às 16 h, encontramos um grupo de nove ciclistas - e logo desabou o céu em chuva sobre eles. 

Mantiqueira

Saída de Águas da Prata-SP rumo a Caldas-Mg. As nascentes desta estação chuvosa melam a estrada. Estamos na rabiolinha da Mantiqueira.

 Fica tudo ensaboado, liso. Os veículos tracionados não veem problemas, só solução! Os outros podem ladear e bater num barranco, ou encravar.
Milharal, batatal, eucaliptos imperam nas propriedades rurais. Por aqui não há café. O perfume destas flores de milho é fantástico!

Colônia em fazenda de gado, muito gado sobre o morro. Cheirinho bom de esterco encharcado.


Chegando à cachoeira da Ponte de Pedra pelo mataburro (e porteira para o gado); eu vim de lá.

Marco do "Caminho da Fé", que segue à Aparecida do Norte-SP praticamente todo por terra batida. 

Quebrando à direita, a famosa tilha da vaca morta até o "Pico do Gavião". Fiz de moto a dez anos, depois fiz de caminhonete - bem "braba".

Atalho para a vaca morta - brinquedin de jipeiros e gaioleiros.

A trilha da ponte de pedra. Fiz três vezes no jipe do vizinho. Danada de forte, parece que o veículo vai tambar. A água límpida da cachoeira desce por debaixo desta laje; e à direita, mais acima, hidromassagem natural.