Existem na Net e na boquinha das nutricionistas, muitas apologias ao consumir e ao abolir seu consumo. A questão da baixa tolerância à lactose, das alergias, acaba sendo um pormenor ante tantos outros fatores.
Relacionado à lactose, a partir dos 4 anos, nosso corpo começa a digerir mal este açúcar. Quem se dava bem com o leite, pode "ficar de mal" com o passar das décadas. É meu caso.
Em minha adolescência, trabalhando numa fábrica desde o final da déc. de 70 até 1985, recebíamos toda tarde (15 h 30), um copo de leite com café. O leite vinha fresquinho do sítio do proprietário da confecção.
Semente mais tarde vim a saber que se tratava duma lei, obrigando empregadores a fornecê-lo, pois "limpariam" os pulmões dos funcionários expostos a pó (E. P. I.?).
A fábrica era uma confecção de roupas de brim e gerava poeira de algodão. Muitas outras empresas forneciam meio litro de leite a seus colaboradores, devido à estranha lei.
Me lembro que este "lanchinho da tarde" era um momento de intenso prazer, frente a uma rotina extenuante de cumprir metas, produzir e produzir. Conversávamos por uns minutos, matávamos a fome que já se instalava e voltávamos revigoradas às respectivas máquinas de costura (a minha era overlock).
Os leites atuais, armazenados há meses na caixinha, são muito diferentes daqueles de minha infância, tirado e fervido na hora. Se sobresse um gole ao final do dia, ia para os animais.
Nossas vaquinhas caipiras e orgânicas (Fortuna, Fortaleza, Favorita e Fumaça), produziam no máximo quatro litros de leite, num tempo curto, enquanto o bezerro fosse bebezinho. Hoje, quarenta litros é o mínimo, e o tempo de lactação, imenso.
A pasteurização/esterilização elimina micro organismos, inclusive os probióticos; a industrialização dos derivados lácteos suga dele boa parte de sua gordura (não tão necessária).
Também é notório que o leite atual está contaminado com pesticidas (carrapaticidas, vermífugos e afins), agrotóxicos das pastagens artificiais, antibióticos e hormônios.
O hormônio de crescimento, aplicado para ampliar o período de lactação das vacas, aparentemente faz nosso pâncreas produzir mais insulina, causando picos de açúcar e possível hipoglicemia, que pode causar mal estar e reserva de gordura (engordar).
Eu, que sempre ingeri o mínimo de antibióticos, poderia estar recebendo dozezinhas "grátis" através de certos alimentos (não apenas leite) e deixando meu organismo perigosamente resistente a eles.
Consta na Net, que a China ingere pouco leite, tendo vegetais como principal fonte alimentar, e apresenta um índice baixo de casos de osteoporose. Os USA, ao contrário, pelo excesso de leite, tem grande incidência da doença, sendo que absorvemos 32% do cálcio deste leite, que é para bezerros e não humanos.
Certa vez, um médico me disse que a osteoporose começa na infância: quem vivia nas goiabeiras, como eu, não quebra. Nunca quebrei mesmo, apesar de ingerir leite de vez em quando.
Tais agentes nocivos podem acelerar processos cancerígenos e agravar doenças crônicas. Em contrapartida, sempre soubemos dos benefícios deste alimento quase completo, inclusive sendo de fácil consumo a pessoas debilitadas.
Em substituição ou complementação, há os leites de cereais, oleaginosas ou leguminosas, inclusive com receitas fáceis a rolar na Net. Na verdade, são extratos: de soja, arroz, aveia, amêndoas diversas.
Tais bebidas concentram elevados índices glicêmicos, suas proteínas são inferiores e a absorção é ligeira. Cálcio e vitamina D também são deficitários. O correto seria consorciá-los com derivados do leite bovino.
Há quem adore leite, sempre tomou e não sente malefícios. Eu consumo com moderação, pois sinto o aumento de gases intestinais quando ingiro em excesso. Meus familiares também fazem uso, contudo consciente.
Extratos, apenas a avó usa, devido à diverticulite. Creio que informação atualizada e de várias fontes, equilíbrio e diversificação alimentar são as melhores formas de rebater as polêmicas que envolvem todos os alimentos, água mineral e até o ar que respiramos.
Você aceita uma xícara bem fininha, repleta de leite semi quase fervendo, com café solúvel e tiquinho de açúcar? Um bolinho de fubá com erva doce acompanha.