30.6.15

Arte Tumular e Furlanetto



Toda vez que viajo, mesmo à praia, não deixo de visitar o cemitério da cidade em que me hospedo. Ali se encontra toda a história das pessoas comuns: Seus sobrenomes (etnografia), sua relação com a morte, o poder aquisitivo, a longevidade.
Minha cidade é famosa na região pelo museu gratuito a céu aberto existente no cemitério, com cerca de 300 estátuas de Furlanetto. 
No início do século XX, o escultor nato neste Município, filho de um italiano que aqui montou uma marmoraria, foi enviado à Itália por oito anos para estudar belas artes, pois as esculturas tumulares importadas não geravam grandes lucros à marmoraria. 
Lá apelidado de "Menino Americano" conquistou medalha de prata entre os colegas. Seu irmão Jácomo não se destacou.
Formado, Fernando voltou (conforme combinado) para trabalhar na marmoraria do pai. A arte tumular era moda na época, e a morte companheira constante nas famílias numerosas.
Suas maravilhosas esculturas, famosas pelos dedinhos tão perfeitos, se espalharam por igreja e cemitérios em toda a região.
Gostava mesmo de se dedicar à arte pura, sem a conotação fúnebre e a troca comercial, porém não podia se dar a esse luxo. Ainda há nas casas tradicionais do centro, algumas estatuetas suas, de exuberância total.
Morreu em 1975, aos 78 anos, deixando descendentes que ainda vivem no Município.

A imagem acima é Alfredinho Pirajá, esculpido em 1923 com apoio de uma foto, em mármore vindo de Carrara (hoje, nossa região de origem vulcânica exporta mármore e granito de qualidade para lá) .
Esse menininho, filho de um médico, morreu ao ingerir leite em pó estragado. O filho de Fernando, Antônio, serviu de modelo para pés e mãos. O detalhe da roupinha é impressionante!

“Para mim, o mármore é um fascínio; não sei fazer outra coisa. A escultura tem sido a minha vida, e agora que os olhos já não ajudam, sinto apenas tristeza...”.                Disse em entrevista, pouco antes de falecer.
Após sua morte, encontrou-se um caderninho com inúmeros devedores da região, que no calor das emoções encomendavam as obras, pagavam umas parcelas, e por fim se "esqueciam". Furlanetto não morreu rico, nem tem um túmulo suntuoso no "seu" cemitério.

Frituras

Chegado o inverno, as necessidades calóricas aumentam e o corpo pede gordura.
Os bolinhos de chuva, aqueles de massa esticadinha denominados "grust", ou de massa de pão acabam martelando na nossa cabeça.
É algo tão simples e gostoso, todavia calórico! Faço apenas de vez em quando.
Nesta época, devido à queda de temperatura, abuso das sopas, contudo logo vem aquele vazio no estômago, aquela sensação de "quero algo mais". 
Fiz a massa de pão "integral", com aveia, fibra de trigo e cenoura;  parte da massa eu fritei: Separei em partes e abri ao acaso.
 Fritas, ficam gordinhas feito pastéis de vento, e muito perfumadas.
 Quando faço fritura, uso caldeirão; espirra menos.
 Por dentro, fica oca, uma delícia com café coado na hora ou chazinho.
Marido adora, e eu me lembro das massinhas degustadas na roça, quando criança. As iguarias naquela época eram tão raras! De vez em quando um bolo de fuba, ou os bolinhos - mais comuns.

Síndrome de Burnout

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É o esgotamento profissional físico e psicológico. Muita gente sofre sem saber que esse fenômeno acomete milhares de pessoas no mundo.
Atualmente, todos devem obrigatoriamente gostar de seus empregos, estar felizes aos domingos à noite para a "deliciosa semana" que se iniciará.
É exigência da época atual, nova tendência comportamental: Não se trabalha por dinheiro apenas, porém pelo prazer!
E quando isto torna-se o oposto? Aquele emprego é uma tortura... A emoção diz para abandoná-lo, porém a razão, nesses tempos de crise, impede o ato.
Quando é emprego menos qualificado fica mais fácil, pois a pessoa não tem muito a perder; todavia em cargos de chefia, empregos concursados, há que se ponderar muito.
Tanta gente estava relativamente bem no trabalho, de repente recebe uma promoção, e o que seria melhora, transforma-se em situação infernal.
Ou passa no concurso ao qual estudou tanto, inicia o trabalho que teoricamente era tudo de bom. Na prática a teoria é outra...
Nem sempre é possível voltar ao cargo anterior, menos possível ainda é jogar todo o emprego para o ar, e justo após a sonhada promoção? 
Surgem então os sintomas: melancolia aos domingos à tardinha; estômago revirado ao acordar na segunda; mal estar na terça-feira, na quarta. Será a entrada num processo de depressão ou não?
Extremo cansaço físico e mental, pesadelos, insônia às duas da manhã, gastrite, o trabalho martelando na cabeça o tempo todo.
Quinta-feira tudo vai clareando... Sexta é dia de êxtase. Na manhã de sábado é só flutuar. Você pode estar com a Síndrome de Burnout!
Tive isto no ano de 2003, após alguns anos com classes numerosas e aquela porcentagem básica de alunos com temperamentos difíceis.
Meu sonho de consumo era pedir as contas... todavia a minha vida dependia daquele sonho pesadelo realizado: ser professora.
Investi na faculdade (e curso magistério), vários cursos de pós graduação. E agora?
Aguentei firme. No meu caso, sem procurar médico. Sabia que se tirasse licença, entraria em pânico ao retornar. Frequentei os "Neuróticos Anônimos".
No grupo de auto ajuda, eu não podia, como os outros, desabafar. Como iria expor alguns alunos que estavam me "torturando"? Quem é louco de falar mal de uma criança? Como adultos podem ter medo de certos garotinhos?
Numa tardinha, quando ia pelo pátio com duas enormes filas de meninos e meninas, para entregá-los aos pais, a Diretora (a qual nunca fui íntima) disse:
_Você está magrinha demais!
Percebeu o quanto eu estava exaurida, abatida... Segui de cabeça baixa. De volta prá casa a pé, chorei no caminho todo. Chorei a realidade e o estresse, chorei as angústias por crianças desajustadas, chorei o reconhecimento dela, chorei a existência!
Mudei para o período da manhã em 2004 (tinha pontuação suficiente para conseguir a vaga). Meus problemas melhoraram muito com esta simples mudança!
Hoje amo o que faço, mesmo com alunos apresentando Transtorno Desafiador Opositor.  Sempre haverá dias difíceis, sempre haverá alunos difíceis. 
Meu conselho é: Não só faça o que goste, porém aos poucos, aprenda a gostar do que necessite fazer!
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18.6.15

Herpes Zoster

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Antigamente chamado cobreiro.
Qualquer pessoa que teve catapora em algum momento da vida pode desenvolver Herpes zoster. O vírus não é parente dos outros causadores de herpes. Seu nome é varicela-zoster.
Depois da recuperação de catapora, o vírus fica alojado em gânglios próximos ao sistema nervoso e permanece "amoitado". Sempre que tenta sair do esconderijo, é atacado por nossos anticorpos.
Permanentemente à espreita, um dia ele se aproveita da baixa imunidade de algumas pessoas e se desloca para a pele, produzindo bolhas de dor intensa feito agulhas penetrantes.
Antes das erupções surge ardor, cócegas ou formigamento na área e sintomas gerais de virose.
São mais frequentes na cintura e no rosto, em forma de faixa - terminando na metade do corpo. As bolhas se curam em cerca de três semanas, por vezes, deixando cicatrizes.
O incômodo pode recidivar sempre que houver uma queda da imunidade do paciente.
Grupo de risco entre os que já tiveram catapora: Idosos, portadores de AIDS, em tratamento por câncer, usuários de medicamentos contínuos debilitantes. Uma a cada cinco pessoas que tiveram catapora terão ao menos um episódio de zoster.
Vacinas podem diminuir as chances de se ter a doença, enquanto o tratamento precoce reduz a chance de complicações.
Além da dor intensa, causa danos estéticos e pode ser transmitido através do contato direto com a "grosseira", levando o infectado a contrair catapora (se nunca teve a doença).
Não há cura, porém o tratamento com antivirais como Aciclovir, Valaciclovir ou Famciclovir, está indicado nas primeiras 72 horas para acelerar o processo e prevenir complicações. A auto hemoterapia também é praticada nos casos severos.
Principallmente pessoas debilitadas, bebês e grávidas devem manter distância de pessoas com zoster para evitarem contágio, pois uma simples catapora pode evoluir para varicela grave. Entretanto, todos que não foram vacinados e nem tiveram a doença, se contagiarão.
Quando a dor com erupção cutânea forem perto de um olho e não tratada, a infecção pode causar 
danos permanentes à vista.
A prevenção é através da vacinação, recomendada para pessoas com mais de 60 anos de idade e liberada para quem tem mais de 50. Crianças vacinadas contra a varicela também estarão se protegendo de um futuro risco.

Meu cunhado teve antes dos 50 anos. Não procurava ajuda e a purulência foi circundando a cintura até quase o umbigo. Ainda hoje muita gente contrai a lesão e não tem noção do que seja.
Também me lembro da infância roceira, tantos e tantos casos de cobreiro... Eram tratados através de rezas, simpatias. O povo achava que se pegava através da roupa que tinha sido contaminada por um inseto, um réptil (cobra).
Neuralgia pós-herpética
É a fase crônica, onde a dor persiste por mais de um mês após o desaparecimento das lesões. Acomete 10 a 15% do grupo. Dura de 30 dias a anos e os sintomas são queimação e pontadas na área, dor persistente e extrema sensibilidade ao toque.
O estado geral de desconforto afeta atividades diárias, levando à melancolia.
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8.6.15

Pães recheados doces e salgados

Esse é pãozinho doce com recheio de abóbora com abacaxi. Eu tinha um resto de doce de abóbora e um abacaxi pequeno que precisava usar.
Do abacaxi se aproveita tudo: Cascas para suco; rebarbas massa da casca para adubo; polpa para doce e in natura; miolo em fitas na salada.
Na massa há um pedacinho de casca de mexerica bem madura (não pode exagerar, é forte demais), cúrcuma fresca, casca de abóbora madura (do doce) e açúcar mascavo. Fofos!
Pãezinhos salgados com cascas de banana na massa. distribuo aos amigos e congelo parte. A massa fica um pouco escura devido à nódoa da banana, porém o sabor é quase nulo.
Higienizo as bananas ao descascar e vou congelando até formar um montante, liquidifico com os ingredientes líquidos (ovos, óleo, água). 
A casca agrega fibras, vitaminas e muitos minerais, diminuindo a quantia de farinha branca. Afinal, farinha integral muitas vezes não é integral de verdade - adicionam fibra e mais algumas coisas na própria farinha branca prá gente pagar mais caro. 
Eu compro a farinha branca mais barata que existe, pois tem um refinamento mais grosseiro, com menos branqueadores químicos.
O recheio é de suíno desfiado à chicória. Eu tinha sobra de carne assada e um pé de chicória que precisava usar. A combinação ficou saborosa.
Noutro dia fiz esses, também com cascas de banana e cúrcuma. Recheio de carne moída com talinhos de couve. Nem precisa de receita, pois a quantia vai depender das sobras a usar.
A base de uma massa é três ingredientes molhados: ovos para dar liga, óleo ou gordura para não ficar rijo e água para achar o ponto; e três secos: farinha e aditivos naturais (folhas, talos, cascas, legumes), fermento para crescer  e tempero a gosto (sal, açúcar, canela, cúrcuma, sementes de abóbora, girassol, gergelim).
Aqui, o recheio temperado apenas com sal grosso e pitada de alho. A carne vai crua, muito prático. Os talinhos de couve suavizam a receita e evitam desperdício.
Agora, assados. Pães saudáveis, práticos já com recheio e facílimos de fazer. Basta esperar cada etapa de crescimento da massa. Eu costumo deixar a massa meio mole para o primeiro crescimento; ao dobrar, acresço farinha e amasso - deixo crescer novamente; enrolo e deixo dobrar de tamanho - então é só assar.
É demorado, porém a gente faz outras coisas entre as etapas.
Nós também comemos pão francês e industrializado, entretanto em quantia muito menor.
Fiz bolo de carne recheado com cenoura, cebolinha e pimenta sininho, usando uma sobra do recheio.

7.6.15

Alimentos naturais

Toda terça-feira às seis da manhã vou à feira livre aqui na esquina. Procuro os produtores que evitam veneno. Acho até ovo caipira de perua.
As folhas de serralha estão tenras nesta época, depois somem. Aproveito e murcho no óleo e alho; amarguinho delícia com arroz, feijão e ovo.
Limão caipira, hortelã, nabo com folhas, batata-doce e mandioca com casca fresquinha, chuchu, abobrinha, quiabo, mamão orgânico, abacate, dois tipos de banana...
 Gengibre e cúrcuma fresca colhidas de véspera. As duas plantas são primas!
Ovos caipiras de perua, galinha e garnisé, produzidos por aves livres. A quantia é pequena, completo com ovos de granja mesmo...
 Esse é o "jogo" - osso do peito da galinha caipira. Meu pai brincava conosco na infância: tipo queda de braço, quem fica com o "meinho", ganha o jogo.