27.4.13

Alina Pain

Enquanto aguardo a máquina de lavar, tiro e ponho roupas no varal, cozinho, asso, eu vou lendo.
Minha amiga me pegou 8 livros de doação da biblioteca (idosos, coitadinhos).
Este da Alina, foi doado à biblioteca em 1982, sem ler, e ninguém o pegou na biblioteca. O cartão de empréstimo está limpinho.
É de 1965, um ano mais novo que eu! Trata-se do terceiro livro de uma trilogia com a personagem Catarina (claro que não li os outros dois, pois ele me escolheu e não eu a ele ).
Fiz uns remendos para que não se despedace. Veja como as folhas nunca foram dobradas, manuseadas, elas param em pé.
O livro narra as memórias embaralhadas da personagem, enquanto ela vela a filhinha febril pela madrugada afora. Há passagens autobiográficas mixadas com ficção.

Estou leve e só, curtindo o friozinho de outono, com um chá de canela com capim cidreira (do sítio). Adoro este parzinho de meias em lã.

O "Par" diz que estou com "síndrome de Escandinávia": penso que está nevando! 

Veja uma parte de orelha de porco saindo quentinha para se juntar à feijoada amanhã. Deu um trabalhão limpar e retirar tanta gordura. Adoro pedaços exóticos, miúdos e tal. Se "Fiotão" vê, não come.

Músculo bovino molinho, esfriando para ser congelado. Vai bem em sopas; com batatas; com tomates picadinhos, numa macarronada. É uma carne sem gorduras. O flash da foto está péssimo...


Mazelas

 Ó o estado que ficou minha panela e meu fogão!
Cozinhei uma peça inteira (piquei) de músculo bovino para congelar nos potinhos (durante a semana vou retirando). 
Sempre faço carne a mais para congelar pronta. A semana de trabalho é braba. 
Faço almoço às 5 h da manhã, por isso uso o fim de semana para adiantar os pratos (feijão, carnes, pães).
Cozinhei ingredientes para feijoada. Neste outono, é um prato excelente. Também congelo. Fica até mais gostosa.
Fui limpando o fogão enquanto o "Par" faz trilha de jipe com outros donos de oficinas e uns médicos.

Ficou assim: 
Agora, mereço dormir no Mamonal na terça à noite, não é? Feriadão na quarta...
Após minha reunião com pais de alunos, `as 18 h, voltarei em casa para guardar a moto, e subiremos a serra à noite. Eba! 
Estou louca para ver o por do sol no "Pico do Gavião" - transcendência no sentido pragmático da palavra.
Voltar na quarta à noite, vendo os olhos dos bichos como faróis à beira da estradinha, um sonho!

Pães doces

Fiz com 1 e meio kg de farinha, três cenouras, três ovos,  uma bandeja de frutas cristalizadas, três colheres de fibra de trigo, 4 tabletes de fermento para pão, 1 colher rasa de sal, 6 colheres bem cheias de açúcar, 1 xícara de óleo, outra de leite integral.
Bati os ingredientes no liquidificador, menos a farinha e as frutinhas. Joguei 1 kg de farinha numa bacia grande e despejei o conteúdo do copo liquidificado. Sovei, e fui adicionando farinha até dar ponto, acrescentei água aos poucos. Sovei mais.

Enrolei de várias formas e deixei crescer até dobrar de tamanho (várias horas, não tenha pressa).

Ao esfriar, congelei uma parte para comer nos outros finais de semana. Servido?

23.4.13

Vai Mocinha, vai Mocinha!

Fonte: http://blogs.98fmcuritiba.com.br/andre/2011/09/13/menino-abandonado-mama-na-teta-de-vaca/
Hoje veio aqui na oficina, o administrador  de uma fazenda por onde pedalamos.
Certa manhãzinha de domingo, eu na frente e o "Par" bem atrás, descíamos a estradinha. O rapaz veio de carro tocando cinco vacas, a nosso encontro.
Parei na beirinha com a bicicleta, e ele tocando as "moças":
_ Vai mocinha, vai mocinha!
O "Par", bem  atrás, achando que eu estava desobedecendo o rapaz.
E lá tenho cara de mocinha? Ou de vaca? Nem de capacete...

Não é que hoje ele diz a história ao administrador da fazenda, na minha frente? Os dois gargalhando e eu enxavida...

21.4.13

Droga

Fonte: http://imagensnet-imagensnet.blogspot.com.br/2012/11/brinquedos-antigos.html
Na segunda-feira, durante a linguagem oral, meu aluno JV estava radiante: a mãe receberia alta de sua internação. 
Foi a primeira manifestação de amor, sem mágoas, dele para com sua genitora.
Ela encontrava-se a dois meses num hospital psiquiátrico na cidade vizinha devido a dependência química.
Quando fui diretora da creche, este garoto nasceu, e a Assistente Social do bairro pediu uma vaga com urgência, pois ela já era dependente.
O pai engravidou duas mulheres ao mesmo tempo, a irmãzinha dele estuda na sala ao lado.
JV estava até mais calmo, dizendo menos palavras de calão, e na terça-feira não via a hora de ir para casa, pois o vizinho iria buscá-la.
Quarta-feira chegou desanimado, porque ela já não estava em casa quando ele acordou cedinho.
Disse que ela poderia estar no CAPS, ou então teria fugido, pulando  o muro, pois tudo estava trancado.
Trouxe uma saboneteira, com sabonete usado que ela lhe dera. A toda hora pedia para ir ao banheiro, queria usar o tesouro recebido da mãe. 
Na quinta-feira veio mais "jururu", pois ela fugiu mesmo, e ainda furtou sua bicicletinha.
A avó, que é empregada doméstica, pediu ao vizinho que a procure num ponto tradicional de usuários.
Detalhe: segundo o menino, a mãe está grávida e logo o bebê nascerá. Além dele, ela tem uma filha adolescente, que conforme relato do garoto, também está grávida.
O avô trabalha com uma carroça e cavalo, recolhendo entulhos pelo bairro, mediante pagamento.
Já encaminhei o garoto para a psicóloga escolar, contudo ela ainda não chegou à nossa escola, está atendendo em outros bairros.

20.4.13

Que pecado!

Menina correndo em um gramado
Fonte: http://br.photaki.com/picture-menina-correndo-em-um-gramado_136967.htm
Estava agora mesmo, voltando da caminhada, e passei em frente a uma lanchonete. Havia algumas crianças, porém no escuro da noite, não reconheci nenhuma.
Quando já estou em meio ao quarteirão, ouço uma voz de menina gritando: "Tia Cri, Tia Cri!"
Ao me virar para trás, noto minha ex aluna Júlia (que ficou comigo dois anos). Ela estava correndo, arfando e toda vermelhinha.
Por que o sacrifício? Só para me dar um abraço. Dei-lhe alguma atenção, emocionada, e pedi que voltasse.
A mãe acompanhava da esquina. Fiquei ali parada no escuro, até que as duas, com acenos, adentrassem o estabelecimento.
São as emoções apaixonantes da profissão de professora alfabetizadora. 
Dois anos na vida de uma criança são totalmente diferentes de dois anos na vida adulta. E deixamos nossa marca.

13.4.13

Matriarca Maria

Minha tia querida, casada com um irmão mais velho de meu pai, ficou viúva dele a algumas semanas. 
Apesar das adversidades, ela nunca reclamava, sempre esteve alegre, gosta de passear, ama a vida,  tem uma felicidade interna que é dádiva a poucos. 
Analfabeta, frequentou o "Mobral" à noite, na década de 70. Aprendeu a grafar seu nome completo, depois saiu.
Meu tio estava demente a quase dez anos, o que a impeliu a deixar de trabalhar na feira livre, ofício que adorava.
Deixando os filhos neste encargo, passou a cuidar do tio "Lia" (Elias) em tempo integral. Sendo cinco anos mais nova que ele, hoje conta 83 anos de idade. 
Lúcida, terminando um tratamento de câncer de pele ao redor da boca, tem dificuldade em andar devido a uma fratura na perna a alguns anos.
Nesta queda, na lavanderia, clamava pela ajuda do tio em prantos, e dava a mão para que a levantasse. Ele sorria com o seu cérebro restante (de criancinha de 3 / 4 aninhos), achando que ela estava a brincar pelo chão.
Certa vez ele sumiu (foram umas três vezes) e embrenhou-se num pasto próximo a seu bairro. Estava descalço numa região com diversas macaubeiras. Foi encontrado pela família aflita, com os pés repletos de espinhos.
O casal teve treze filhos: Joana, Maria Alice, João, Lourdes, Vera, Cecília, José, Elza, Ana Luisa, Angela, Leonardo, Andreia, Juliano. 
Nenhum filho faleceu na infância ou juventude; joão morreu atropelado com mais de 50 anos, os outros estão todos bem.
Viveram no sítio do vovô até que o caçula estivesse grandinho e já estavam no ofício da feira-livre, talvez por uns vinte e cinco anos. 
Imaginem o que este casal passou com treze criancinhas, num casebre roceiro, sem ao menos dipirona para abrandar uma febre. Quantas noites em claro, quanto choro infantil e adulto.
Distavam quatro km da rodovia asfaltada, onde passava ônibus para a cidade. No finalzinho da estada na  roça, ele já tinha um jeep, mas antes disso havia somente as pernas.
Me lembro da Tia preparando o jantar. Vinha mais cedo da roça, onde trabalhava desde o raiar do dia. O feijão já estava cozinhando a algumas horas pela filha Elza (a mais velha em casa, pois as outras cinco já viviam numa casa alugada aqui na cidade, para trabalhar).
Ela fazia arroz (socado no pilão para expelir a casca - ficava todo quebradinho), mexia uma polenta enorme, com fubá trocado por milho na fazenda do Tio Antenor (tio meu, não deles). Como "mistura", fazia couve ou chuchu refogado da horta, ou abobrinha batida, alguma salada, ou batata.
O Tio e o filho mais velho (que nessa época era o José, pois o João já morava e trabalhava no hotel em Águas da Prata), ganhavam um ovo caipira frito. Era costume alimentar melhor os braços trabalhadores. O restante dos ovos eram para vender na cidade, assim como os frangos.
Ela repartia a comida em pratos, baciinhas de alumínio e latinhas de marmelada. Todos tinham um quinhão definido e não podiam repetir. Os maiorzinhos, que ainda tinham fome ao término do jantar, pediam emprestado, uma "cuiada" (colherada) aos menores, para pagar amanhã.
Aos domingos, ela matava uma galinha caipira e dividia a todos, inclusive aos filhos da cidade que vinham de visita. Alguns ganhavam o pé e a pontinha da asa, outro herdava o pescoço, outro recebia o coração e fígado, sendo os melhores pedaços reservado aos trabalhadores.
O quase vegetarianismo forçado era comum na zona rural, naquelas famílias enormes e paupérrimas. A carne era usada como um temperinho esporádico. Na minha casa, não era diferente, mas minha mãe tinha um casal. Meu irmãozinho (o terceiro filho) nasceu quando eu já passava dos doze anos.        
Os quatro filhos da tia Maria geraram nove netos. Das nove filhas, sete se casaram e geraram mais 16. No total, são 25, com cinco bisnetos. Todos os filhos têm casa própria, inclusive as duas solteiras (que mantém alugadas). 
A primogênita Joana não se casou e vivia desde adolescente na cidade de São Paulo, como empregada doméstica em tempo integral. Ainda hoje, mesmo aposentada, vive e cuida da mesma patroa, velhinha, moram em Ubatuba.
A Elza vive com a mãe aqui na cidade, e enfrentou a barra dos cuidados com o pai. Aposentou-se e continua trabalhando a décadas num consultório médico. Almoça em casa, a comidinha preparada pela tia Maria.
O Tio morreu nos braços dela, num domingo de manhã, após gritar com "dor de barriga". Em seu cérebro já desgastado, restava apenas as memórias de um menininho, que considerou assim o ataque cardíaco.
A segunda filha, M. Alice, é aposentada pelo INSS e auxilia o esposo no sítio deles. Agora cuidará do primeiro neto, quando a filha voltar ao trabalho (da licença maternidade).
O João faleceu a quase uma década, deixou um casal de filhos, que já estão jovens. A Lourdes aposentou-se muito nova na Prefeitura (probleminha simples "na cabeça") e tem uma loja de roupas.
A Vera mora em seu sítio, faz feira livre e mantém um restaurante lá mesmo, aos finais de semana. A Cecília casou-se com cerca de quarenta anos e teve um filho. É enfermeira aposentada e continua a trabalhar no hospital (dava os banhos no Tio).
O José é feirante e tem duas filhas moças: uma morena e a outra muito loira, que puxou à tia Maria. A Ana casou-se com o primo Romeu (primos em primeiro grau), vive na grande São Paulo e dá aulas de matemática a pouco tempo (só formou-se agora).
A Ângela vive pertinho da mãe e trabalha em consultório médico também. Está se aposentando e vai continuar, pois a sogra faz tudo em casa. O Leonardo é pedreiro (fui professora de seu filho mais novo).
A Andreia é policial feminina e seu filho menor estuda na sala onde leciono, só que com minha colega da tarde. O Cacula Juliano é feirante e é vizinho da mãe; tem três filhos.
Foto minha - Mamonal.

9.4.13

Asilo

Fonte: http://inperennemovimento.blogspot.com.br
Sou esta "garotinha" aí, compenetrada em seu lep top! Me vejo exatamente assim na quarta idade: lecionando para minhas coleguinhas de asilo (aulinhas de informática).
Sempre comento com o "Par": aquele que ficar sozinho deverá sair à caça de um asilo o mais rápido possível, enquanto tiver boa saúde.
O "Fiotão" é apenas vinte e um anos mais jovem que eu, e estará bem velho quando eu estiver assim (caso consiga), não pretendo jamais ser um fardo para ele.
Com a taxa de natalidade caindo (no Brasil, estamos a 1,9 nascimentos por mulher), esta imagem tende a se multiplicar, para desespero dos assistentes sociais.
Quando passo em frente ao belo asilo da Cidade, localizado em um espigão arejado, fico admirando o local e me imaginando lá dentro; é o  recanto mais apropriado para uma(a) idoso (a) sem par.
Procuro trabalhar bastante agora, garantindo aposentadoria suficiente para bancar um quarto individual. 
Hoje em dia é chique denominarmos "Casa de Repouso" para esses recantos, contudo eu sou muito apegada aos termos de origem, e asilo me soa mais natural.
Eu poderia dar aulinhas para estimular o raciocínio lógico da equipe, memória, criatividade, ludicidade; não seria produtivo?  
Sinto apreensão por esses idosos que não aceitam viver em comunidade e ficam sozinhos, de maneira precária, ou se tornam uma preocupação extra para familiares (quando há).
Cada época da vida tem suas agruras e alegrias, e desde que as aceitemos como são, tudo fica bem.

6.4.13

Se eu fosse...

Boa a ideia da Lúcia http://www.luciahsoares.com/ para uma feliz brincadeira!

Se eu fosse um mês seria… NOVEMBRO, quase fim de ano letivo.
Se eu fosse um dia da semana seria… SÁBADO, tarde sossegada.
Se eu fosse um número seria… 7, muita responsabilidade ser nota 10.
Se eu fosse um planeta seria… VÊNUS, para aparecer toda manhã.
Se eu fosse uma direção seria… SUL, devido ao cruzeiro.
Se eu fosse um móvel seria… CAMA, pelo merecido descanso.
Se eu fosse um líquido seria… CALDO DE CANA, por sua doçura.
Se eu fosse um pecado seria… AVAREZA, sempre me preocupei com o futuro.
Se eu fosse uma pedra seria… ESMERALDA, pois adoro verde.
Se eu fosse um metal seria… ALUMÍNIO, pois é com ele que trabalho à tarde.
Se eu fosse uma árvore seria… GOIABEIRA, pela rusticidade.
Se eu fosse uma fruta seria… BANANA, por matar a fome facilmente.
Se eu fosse uma flor seria… FLOR DO CAMPO, pela simplicidade.
Se eu fosse um clima seria… AMENO, por seu tempero.
Se eu fosse um instrumento musical seria… TAMBOR, pela ancestralidade.
Se eu fosse um elemento seria… AR, por ser o mais urgente.
Se eu fosse uma cor seria… VERDE, não sei porque.
Se eu fosse um animal seria… PORQUINHA, pela importância na história rural.
Se eu fosse um som seria… ASSOBIO, por seu romantismo.
Se eu fosse uma letra de música seria… AQUARELA, porque tudo descolorirá.
Se eu fosse uma música seria… HINO NACIONAL, para manter o Brasil unido.
Se eu fosse um estilo de música seria… INFANTIL, para encantar as crianças.
Se eu fosse um perfume seria… ODOR DE FLORES, por ser suave e natural.
Se eu fosse um sentimento seria… NASTALGIA, pois adoro o passado.
Se eu fosse um livro seria… GIBI DUMBO, pois foi meu primeiro.
Se eu fosse uma comida seria… ARROZ, ARROZ, ARROZ, pois combina com tudo.
Se eu fosse um lugar seria … LESTE PAULISTA, pois é meu mundinho.
Se eu fosse um gosto seria… AZEDO, porque acorda as pessoas.
Se eu fosse um cheiro seria… CAMPESTRE, pois me traz leveza.
Se eu fosse uma palavra seria… ORGANIZAÇÃO, pois é a mãe da matemática.
Se eu fosse um verbo seria… PERSISTIR, pois sou determinada.
Se eu fosse um objeto seria…FACA, por sua versatilidade.
Se eu fosse uma roupa seria… MEIAS, pela proteção discreta.
Se eu fosse uma parte do corpo seria… CABEÇA, pois comanda o resto.
Se eu fosse uma expressão seria… ASSOMBRO, pois há tanto a conhecer.
Se eu fosse um desenho animado seria… KIKA, para saber "de onde vem" tudo.
Se eu fosse um filme seria… DOCUMENTÁRIO, por sua parcela verídica.
Se eu fosse uma forma seria…TRIÂNGULO, pela raridade.
Se eu fosse uma estação seria… PRIMAVERA, pela renovação.
Se eu fosse uma frase seria… " NÃO DÁ TEMPO", pela loucura do século XXI.
Gostaria que você também aceitasse o convite da Lúcia (aproveite para conhecer esta mineirinha).
Fonte da imagem: http://www.animesuasmensagens.net