Recebi um e-mail solicitando informações sobre esta minha região do Brasil. Este país é muito grande, então vou falar unicamente daqui.
Custo de vida: Os imóveis estão muito valorizados (compensa vender, não comprar). O supermercado também está exorbitante - opte pelos alimentos naturais, pois os industrializados são vistoriados com relativa infantilidade pela ANVISA. São carregados em química, gordura, sal, açúcar... os preços, incompatíveis.
Frutas, legumes e verduras são muito baratos, se optarmos por aqueles de época. Há feiras livres em todos os quadrantes da cidade, variando os dias da semana.
Frutas, legumes e verduras são muito baratos, se optarmos por aqueles de época. Há feiras livres em todos os quadrantes da cidade, variando os dias da semana.
O setor de serviços também está em alta. Numa faxina de 5 horas, pago R$50,00; salão de beleza e afins; setor automobilístico; reparos em eletrodomésticos; construção e manutenção em imóveis, tudo com preços altos.
Turistas / Estrangeiros: A região é turística, mas não se vê nada escrito em inglês, ou atendentes que falem a língua, para facilitar a vida do turista estrangeiro. Não se vê muito turista estrangeiro por aqui, alguns asiáticos.
Moradores estrangeiros também são poucos, eu mesma nunca tive um aluno estrangeiro, e trabalho com crianças a mais de 20 anos.
Segurança: Aqueles telejornais que "pingam sangue" espirram uma sensação de insegurança geral. De vez em quando aparece um "caveirão" aqui para arrumarmos as rodas. As empresas de monitoramento, alarmes domésticos e cerca elétrica proliferam, e vão de vento em popa.
Meu estabelecimento comercial existe a doze anos e nunca sofreu um assalto ou furto. Nunca ninguém invadiu minha casa, contudo arrombaram a do meu irmão e furtaram aquelas coisinha miúdas. Isso é corriqueiro e todo cuidado é pouco.
Há golpes telefônicos de origem distante e ao vivo (tipo bilhete premiado). Estupros? Dizem que apenas em 2013 tivemos quatro casos no município (com 83.000 hab.). Um aumento enorme, mas as fontes não são oficiais.
Drogadictos temos aos montes, todavia muitos não fazem mal a ninguém, ficam andando a esmo pelas ruas...
Faço caminhadas noturnas sozinha, ando de bicicleta de madrugada com o Par, saímos pelas roças de moto e nada nunca aconteceu, porém minha nora (linda) foi seguida por um bicicleteiro.
A omissão da polícia causa mais insegurança que os bandidos em si. Se ligamos, eles mandam chamar o guardinha particular que há em alguns bairros ( que só atende quem os paga, lógico).
Já tivemos quadrilhas de fora invadindo mansões e fazendas algumas vezes (aparentemente da região de Campinas). Furtos de carros sempre existiram.
Escola pública: Na escola onde atuo, aqui pertinho, muitos pais chegam com cada carrão para entregar o filho... são no geral, microempresários do próprio bairro.
Sempre há alunos tendo casa com piscina e um padrão de vida bom: vão à praia mais de uma vez ao ano, fazem churrasco mais de uma vez ao mês, possuem mais de um carro, planos de saúde.
A maioria é pobre: tem uma casa própria "popular" e ambos pais trabalham. Não temos favelas na cidade, mas diversos parentes dividem o mesmo quintal (dois cômodos daqui, três dali). Uma minoria paga aluguel. Neste ano, tenho um único aluno classe média alta, mas já tive turmas com vários.
Transportes: O carro e a moto são os mais usados; mesmo pessoas sem casa própria têm um ou outro (geralmente os dois).
Ônibus circular é mais usado por idosos e adolescentes. Pessoas de meia idade preferem o moto-táxi, com o dobro do preço e o triplo da rapidez.
A bicicleta é usada por operários homens, pessoal da construção civil, adolescentes homens. Dificilmente uma mulher usa bicicleta, mesmo em situação de lazer. Estranho! Ciclovias não temos, mas há promessa de uma que leve à cidadezinha vizinha (para lazer).
Eu pedalo tranquila aos domingos de madrugada, pois não há trânsito - vou ao centro da cidade, por motivos de segurança (seguro morreu de velho).
Temos os horários de pico, mas em outros momentos o trânsito é tranquilo, muito mais rápido que o ônibus circular, por isso a opção da população.
Eu uso a moto: é econômica, rápida, fácil de estacionar e pilotar, deliciosa! Evito o horário de pico e ruas muito movimentadas, pois perde longe em segurança.
Emprego: Para mulheres com curso superior, a educação absorve um grande contingente (pedagogia). O salário líquido (livre de imposto de renda) de uma professora concursada que dobra período (dois cargos), gira em torno dos R$ 4.000,00, no serviço público (particular é um vexame). Muitas psicólogas, advogadas fazem pedagogia em vão dar aulas... fácil? Não! De jeito nenhum.
A trabalhadora "por conta" - faxina, estética, setor de alimentos, tem renda maior que as assalariadas do comércio. A empregada doméstica está em extinção, porém a cuidadora de idosos está muito mais presente que os familiares.
Para homens, a microempresa ou trabalho liberal é a melhor opção. Como empregados, há uma gama enorme; serviço braçal "por conta" é valorizado (pedreiro e afins). Não há grandes indústrias na região, mas muitas médias. O serviço público, como em todo lugar, traz segurança, mas o ganho é baixo.