25.3.14

"Cabeu"!

É assim que meus miudinhos pronunciam. Na verdade, o tal vestido vermelho coube satisfatoriamente em mim para o casamento da filha da vizinha.
Valeu a pena, belíssima cerimônia: quando a noiva adentrou a igreja, conduzida pelo pai, o noivo cantou (divinamente) para ela. Foi surpresa para todos, e um chororô só. 
O jantar foi no restaurante rural onde ele canta, comida caseira farta. Tive que cortar bebida (fiquei na água), o bolo e docinhos. Já tinha tomado suco verde de antemão.
Desde o início de janeiro já foram quase SETE kg eliminados, estou chegando lá! Muita água (com limão, com canela), seis refeições saudáveis, bom sono, 4 km de corrida toda noite, passeios na roça.
Já vinha estudando alimentação saudável anteriormente, contudo intensifiquei neste ano. Muitos textos daqui são para mim mesma, como forma de fixação. 

Aqui, uma das refeições na serra: a última e deliciosa manga do pastão, colhida na hora. É um pecado desperdiçar a casca, contudo há que se mastigar bem, para que haja boa digestão.
 Eu no tal vestido, antes de sair.
 O "Par" de fotógrafo, fazendo piada.
 Estava calor no dia 15 de março, e a cerimônia iniciou-se 17 h 00.
Valeu a disciplina: esta rapadura de cidra, doce que adoro, comprei em Minas na viagem de natal. Durou três meses; hoje comi o último tiquinho.
 Aqui: sábado, numa roupinha velha, no sítio.
 
As ervas que estão me ajudando: melissa, que plantei ao lado da cerca e pegou. Está cheia de brotos junto ao mandacaru. Há outras ervas por nome melissa, conforme a região, esta é de touceira. 
Uso em chá, tempero de carnes e suco verde.
Capim cidreira para o suco verde e chá. As moitas estão viçosas.
 Flor de lebre para aumentar a produção de serotonina - apenas apreciando!

E é outono!

Imagem daqui
A mudança de estação trouxe bem vindas pancadas de chuva ao interior, sobretudo na sexta-feira à noite. Trouxe também o típico ventinho refrescante.
A temperatura tem oscilado entre 18 e 28 graus. Neste instante - auge da tarde, temos 27. Nas madrugadas, já se faz necessário puxar uma cobertinha sobre o lençol.
Calçados com meias já não incomodam e são quase necessários, principalmente para pés-frios como eu. Regatinhas? Melhor embalá-las até setembro. Sopas e caldos já não causarão suadouros!
Chegou notícia de que teremos uma geada "braba" em maio. Aqui na cidade, por vezes costuma ser o mês mais gelado do ano, antes mesmo do inverno oficial. As plantas, sedentas pela pouca chuva, sofrerão demais com geada... veremos. 
Ao sair com a moto no finzinho da tarde, um arrepio já se manifesta. Na manhãzinha, cerca de 25% das crianças comparecem à aula de agasalho e algumas garotas já usam botas.
O céu, neste instante, está recoberto por um terço de nuvenzinhas brancas esparsas e as árvores estão se balançando levemente.
Um senhor atravessa a rua, puxando seu cavalo (pangaré) e transeuntes cruzam cá e acolá. O trânsito leve flui normalmente. Os clientes daqui vão e vêm; o telefone soa a cada 15 minutos.
Um homem com camisa manga longa, boné vermelho, bermudas e havaianas, senta-se no banco da pista de caminhada, fuma um toco de cigarros e sai com a enxada às costas.
Acaba de chegar uma "ciganada" na oficina: três adultos, dois adolescentes (com parte do cabelo pintado de loiro) e uma criança, todos homens. Nesta etnia, mulheres ficam separadas sempre, mais reclusas. O sotaque típico, a roupa estilo cowboy e os dentes de ouro/prata são característicos. Eles adoram rodas estilosas para seus carros, e vivem de negociata (compra/troca/venda de automóveis).
Uma pá carregadeira recolhe os poucos entulhos e areia trazidos ao tanque de contenção de enchentes (piscinão), que esteve em desuso todo o verão.
Poucas crianças perambulando. Aliás, nos últimos 10, 15 anos não mais se vê criançada em bando bagunçando a horas pelas ruas, quebrando árvores, tocando campainhas, gritando esturros.
O que me apetece é estar sob uma árvore, ali no campinho, fluindo esta vida, tão comum, mas diferente, com tempero outonal. Sim, há algo diferente no ar!

20.3.14

Graviola

No sítio do tio Nísio há uma gravioleira que perde seus frutos azedos ácidos por falta de demanda. Eu trouxe para fazer suco, o "Fiotão" tomou, contudo ele logo se transforma numa gosma num gel estranho, difícil de encarar.
A planta está frutificando bem na serra, com frutos vistosos por vários meses do ano. Este pé é novo e tem uns três metros de altura; a copa é rodada e os frutos ficam próximo ao chão. Veja:
Esta é a graviola que colhi. Apenas toquei nela e se soltou; estava de-vez e em dois dias na fruteira ficou molinha.   
Elas caem e nem os bichos as comem. As formigas tiram-lhe a pele apenas, abandonando a polpa ácida, que apodrece aos poucos, cheia de bolor. Aqui, dois estágios diferentes.
Agora, apenas sobraram as sementes clarinhas. Dizem que na versão doce, a semente é negra.
Este botão parece estar em ponto de florir e futuramente formar nova fruta. Elas nascem nos brotos e troncos.
Este botão ainda está novinho, mais verde que o outro.
Aqui, uma planta adolescente, crescendo espinhudinha em meio a folhas fortes e brilhantes.
A "jaquinha" que colhi... grande e pesada. Bati, coei e armazenei a polpa em copos descartáveis. Fiz um pouco de suco, que consideramos bebível, contudo logo fica espesso.
O caminho das formigas, chamado "correção". As danadas depenam as frutas e levam as cascas.
Um ninho delas, chamado "olheiro". Este "portão de entrada" é o olho do formigueiro.

19.3.14

Suco verde


A base para um bom suco verde deve conter quatro categorias de substâncias: erva aromática/condimentar; fruta (suco/cascas); folha; legume. Opcionalmente pode-se acrescentar sementes, porém tornarão o suco mais calórico.
Erva aromática, eu uso salsinha, melissa, capim cidreira ou alfavaca que tenho gratuitamente; quando encontro hortelã na feira livre também compro e congelo. Pode-se usar condimentos secos como orégano ou louro. 
Umas folhas ou um ramo de uma variedade é suficiente. Tenho um limoeiro e uma goiabeira em vasos, de vez em quando coloco umas folhas velhinhas no suco.
Da fruta, eu prefiro a casca, deixo a polpa para comer noutra refeição: um pedacinho de casca de banana; minha querida casca de mandacaru (ou pitaia - para "varrer" os intestinos); casca de manga ou melancia/melão. Todas pode-se congelar; uma lasca de uma variedade basta.
Suco de laranja lima ameniza o sabor. Eu dou preferência para consumir a fruta inteira num outro lanche. Água de canela é ótimo para a base, contudo não uso porque prefiro tomar esta água noutra ocasião.
Gotas de limão, tomo em água e não no suco verde. Também não desperdiço minha aguinha de coco com o suco, saboreio-a a sós. Minha base é água geladíssima.
As folhas eu vario bastante, couve me empacha (causa gases) e uso apenas meia folha, que congelo enroladinha, sem talo. Gosto demais da chicória (escarola), acelga sem o talo ou as partes não tão estéticas da alface, como talos e folhas velhas (são calmantes).
Também busco folhas silvestres no sítio, com caruru, beldroega, trapoeraba, serralha (meio amarga), trevo (azedeira), brotos de amor-seco e outras, que congelo. A serralha deve ser um tipo de "dente de leão", pois suas sementes voam como tal. 
Grama também serve pro suco verde. Todas as mais comuns são comestíveis e adocicadas (não amargas). Ainda não precisei usar por ter abundância das outras, contudo grama geralmente é orgânica, dependendo do local onde vive. Não tenho pré-conceitos para com ela, pois a comemos na carne bovina.
Legumes eu utilizo os tradicionais: um pedacinho de beterraba, cenoura, tomate ou pepino. Uma variedade é suficiente, para não engrossar demais o suco. Se usei casca de melancia/melão, não uso pepino, pois são primos. 
Gengibre não coloco devido à gastrite: é ardido demais, assim como rúcula e agrião. Tomo o suco verde em jejum toda segunda e sexta-feira (pelo menos). É necessário aguardar meia hora, caso queiramos ingerir outros alimentos.
Para adoçar, o mel é boa pedida, seguido do açúcar mascavo ou demerara. Adoçantes artificiais deixam químicas cumulativas em nosso organismo - evitemos.
Eu não adoço meu suco verde. Prefiro encará-lo como um remédio: apesar do sabor rabugento, seus nutrientes me farão bem.
Para quem não consegue tomá-lo sem adoçar, lembre-se de que em 100 gramas do açúcar mascavo, há 85 miligramas de cálcio, 29 miligramas de magnésio, 22 miligramas de fósforo e 346 miligramas de potássio. No refinado,  há 2 miligramas de cada nutriente.
Quanto mais escuro, mais vitaminado e com menos aditivos químicos. O enxofre enfeita o açúcar mas rouba nutrientes, deixando calorias vazias. 
O açúcar demerara perde um pouco em nutrientes, se comparado ao mascavo, contudo não escurece tanto os alimentos, nem deixa o retrogosto característico de rapadura (que eu adoro). É mais difícil de dissolver, levando a maior consumo/ ingestão de calorias e é bem mais caro que o mascavo.
Imagem Net.

18.3.14

Blanche L: Escarificação

A tempos, o persistente indiozinho vem amolando a paciência de Tom e Nick, os dois a quem ele se apegou neste mundo novo. Num chamado quase onipresente, solicita agudizante auxílio na execução de sua tatuagem sagrada. 
É hábito intrínseco à tribo, após a grande caçada, os púberes passarem por um comovente ritual de escarificação, onde uma figura, geralmente de animal silvestre, é marcada num local estratégico do corpo.
Ele espera transformar a cicatriz da perna fraturada numa obra de arte corporal, diminuindo assim o estigma de estar manquejando e consequentemente cumprir com a conduta ancestral deste povo continente. Sua paixão pelo intento o faz pronunciar a falazinha indígena em sorriso de lágrimas mordiscadas.
Para tal, necessita alguém com dons invulgarmente artísticos para criar uma deslumbrante e única figura, e um executor de pungente sangue frio, pois a técnica consiste em esculpir a imagem na pele viva, com instrumento cortante.
Através de uma formosa escarificação, atrai-se respeito de companheiros e olhares do sexo oposto. Durante o processo de ablação da pele, a dorzinha crônica e lancinante fará com que desmaie e acorde diversas vezes, e perca grande quantidade de sangue, todavia encontra-se municiado com uma coragem arreganhada.
Após cessar a ciumeira irrivalizável e quase irracional, Nick volta ao discernimento e resolve amaneirar a tão sonhada prática estranha e transbordante em atroz crueza.
Esta cultura ádvena o fascina, afinal! Ele se maravilha, se questiona, se assusta; pergunta-se e não vê respostas límpidas nesta viagem atemporal sobre o universo da aldeia estampado no arguto indiozinho. 
Na embrenhada reserva se vive como nos primórdios, os silvícolas contam com as forças da natureza para a subsistência diária: recolecção, pequenos rebanhos, caça/pesca, permacultura.
A exuberância da vida comunitária: os ritos de passagem e de cura; as celebrações festivas; o animismo e confecção de totens; as noturnas danças circulares típicas em volta duma sacra fogueira. Todo este primitivismo "fotografado" por ele através dos minuciosos relatos do garoto, suscita incredulidade mesclada a assombro.
Não apenas uma vida desarmada de qualquer luxo civilizado, contudo uma vida plena, feliz, digna. A divisão social do alimento, de teto, das dificuldades, retira o espinhoso fardo duma existência insegura e carente em acumulação de bens.
Este espelho da vida civilizatória: a estada na montanha dos caprinos, não fez do menino alguém repartido, titubeante com seus valores. Numa personalidade refrescante, ele almeja seu mundo tradicional em detrimento da existência moderna, considerando a possibilidade da coexistência de ambas culturas.
Nick, meio psicagogo, numa rajada de sentimentos, tem a cabeça girando em dúvidas existenciais e o coração espremido com as atrocidades praticadas contra este povo, considerado bárbaro. A barbárie, na verdade, vem do "homem culto" contra ingênuos seres quase infantes.
A técnica de escarificação é realizada na aldeia com lâmina de pedra polida, todavia Tom fará uso de sua baioneta, que manipula com destreza. Blanche prepara um fermentado de frutos e cereais para alcoolizar o rapaz, amenizando o flagelo.
O desenho é fixado no local da pele com o maçarento urucum. Ao final do primoroso trabalho, uma queloide controlada se formará, criando uma graciosa estampa com aspecto de alto relevo, portanto tridimensional.

17.3.14

Laura Ingalls Wilder

Está bem, sei se tratar de um estilo meio romanesco, escapista (escrito nos anos 30 - depressão americana), e que mescla ficção e fatos reais, forçando para que se pareçam todos reais... 
Mas de que falo? De uma garota verídica que viveu na virada para o séc. XX, no meio oeste americano, ao norte. Seus livros retratam um estilo de vida pioneiro, rural, que existiu e ainda existe em qualquer país, mudando-se a cultura, claro.  
Quem assistiu a série de TV "Os Pioneiros" na adolescência, jamais deixará de amar Laura, embora a série seja bem diferente, bem mais ficcionista que os livros. Estes são muito melhores, é a bebida na fonte.
A autora tardia (já era sexagenária quando publicou), a personagem onírica, a criatura documentada em carne e osso, formando uma mescla incrível a nos prender numa vidinha tão simples que causa êxtase.
E está sendo (ou foi) reprisado todo o seriado  na TV a cabo TCM... ao final da década de 70, quando Laura aparecia na TV Record, eu estudava à noite. A assistia apenas nas férias, recesso escolar ou quando saía mais cedo da aula. O seriado era minha paixão de adolescência.
A maioria de seus livros podem ser lidos na biblioteca virtual pt.scribd.com.doc/ . Entre em qualquer documento e digite o autor. Como mágica, surgem seus livros no delicioso português de Portugal!
Aconselho que seja lido na ordem: primeiramente "Uma Casa na Floresta". Talvez por ser o primeiro, é um dos que mais amo, assim como o segundo,  "Uma Casa na Campina".
O último livro, publicado postumamente: "Os primeiro quatro anos" é mais visceral, mais cru, com menos parceria com sua filha e escritora Rose. Comparado aos outros, eu diria que este é um bolo de fubá, para se tomar com uma xicrona de leite com café, enquanto os outros foram recheados pela Rose e viraram sobremesa.
Sugiro deixar "Farmer Boy" para o final, creio que foi muito "melado" por Rose. Ela é um caso à parte nesta história. Meteu o bedelho nos livros da mãe, senão creio que nem os teríamos... Muitas "Lauretes" a torturam por estas intromissões, todavia eu não penso assim.
Laura estudou formalmente, contudo em época de escola, pouco frequentava: morava na roça, enfrentava neve, tinha muito trabalho no sítio. Sem o apoio, auxílio e aval de Rose (que tinha inteligência acima da média), a empreitada da publicação da série de livros não vingaria devidamente, a meu ver.
Quem não conhece a autora, vale a pena pesquisar ao menos sua biografia. Ela é febre na América do Norte, e lida nas escolas.
Uma Casa na Floresta
Capa do primeiro livro.
 
Laura adolescente
Enfim, como escritora famosa!
Imagens: Google Imagens.            

Leia um trechinho e imagine-se naquela época romântica!
   “No Inverno, a nata não era tão amarela como no Verão e a manteiga que dela se fazia era branca e menos bonita. Como a mãe gostava que todas as coisas da sua mesa fossem bonitas, no Inverno coloria a manteiga. 
Depois de deitar as natas na batedeira alta, de louça, e de a colocar perto do fogão, para amornar, lavava e raspava uma cenoura comprida, cor de laranja. Em seguida, ralava-a no fundo de uma velha frigideira de folha, que o pai enchera de buraquinhos, com um prego. 
A mãe andava com a cenoura de um lado para o outro, na aspereza dos rebordos dos buraquinhos, e quando acabava, levantava a frigideira e via-se um montinho mole e sumarento de cenoura ralada. 
A mãe deitava a cenoura num tachinho de leite que estava ao lume e, quando o leite aquecia, despejava a mistura num saco de pano. Depois espremia o leite amarelo vivo para a batedeira a fim de colorir as natas todas. Assim a manteiga ficaria amarela. 
Laura e Maria podiam comer a cenoura, depois de espremido o leite. Maria achava que devia comer o quinhão maior, por ser a mais velha, e Laura dizia que a maior parte devia ser para ela, por ser a mais nova. Mas a mãe mandava-as dividir a cenoura ralada em partes iguais. Era deliciosa. Quando as natas estavam preparadas, a mãe escaldava.” 

14.3.14

Margarina ou manteiga?

Imagem daqui
Pelo que tenho pesquisado, as quatro opções (não doces) mais comuns para barrar o pão seriam: margarina, creme vegetal, manteiga e creme de ricota.
A margarina é fabricada sobretudo à base de gordura vegetal (menos má), com um bocado de gordura animal (cerca de 3%, porque contém leite). Aquelas com mais gordura são mais indicadas em culinária.
O creme vegetal é feito com gorduras vegetais somente, o teor de lipídios é menor, comparado à maioria das margarinas. Para emagrecer ou reduzir a ingestão de gorduras, esta é a melhor opção, todavia não se recomenda em culinária. Muitas fórmulas contém gelatina, não indicada para vegetarianos.
A manteiga tem gordura de origem animal (nata de leite), é rica em gordura saturada (má) e colesterol; contém vitamina A.
Também pelo que pesquisei, há confusão das próprias fábricas sobre margarina e creme vegetal, visto que as margarinas brasileiras contém menos gordura que nos padrões internacionais. 
Muitos cremes vegetais se equiparam à margarinas no teor de gorduras gerais, que não chegam a 80%, para se considerarem verdadeiras margarinas, sendo menos eficientes na culinárias e mais benéficas à saúde.
A leitura dos rótulos (com lupa, claro), é fundamental. Pesquisei que eles são reais; se indicam 0% de gorduras trans, podemos confiar. É daí que vem a má fama das margarinas - as fórmulas antigas eram repletas desta gordura maligna, contudo as fórmulas modernas estão mais saudáveis.
As versões light, apesar de mais caras, podem conter mais gordura que a versão tradicional do concorrente, bem mais em conta. Nas pesquisas, encontrei o "creme vegetal soya lanche" com maior custo / benefício. Confesso que nunca usei, e nem sei se há no mercado do bairro.
Algo interessante é analisar o fabricante, pois produtos aparentemente concorrentes podem ser da mesma fábrica. As maiores são "Bunge, Unilever / perdigão, Sadia. Em Valinhos, aqui no interior de SP, se faz muita margarina / creme vegetal.
Aliás, só prá constar, vários filtros para café, com diferença exorbitante de preço, parecem ter um único fabricante, confiram!  Não se deixem enganar pela marca fantasia (comece por aqueles com sufixo "ita / ita").
Vamos ao creme de ricota? Em minha família é bem aceito, intercalado com queijo branco (abundante e barato na região). Até segunda ordem, é o mais saudável de todos.
Eu faço em casa, com esta receita básica: 250 g de ricota fresca; 150 ml de leite integral quente (sem ferver) e uma colher de chá bem cheia de margarina; bato por 2 minutos. Na versão light, tira-se a margarina e muda-se o leite, mas o resultado não será o mesmo.
É importante fazer pouco (no máximo 250 g), pois só dura 5 dias em geladeira, e o liquidificador não bate direito se a quantidade for grande. Pode-se acrescentar sabores, como alho / azeitonas / tomate seco (sabores frescos, como ervas, diminuem a validade). 
Aqui em casa, não gostamos de pão agridoce, mas quem prefere, a goiabada e tantas geleias de frutas são opções não gordurosas, porém com açúcar.
E de nada adianta todo cuidado, num pão de baixa qualidade. Fazer em casa com fibra de trigo, cenouras, aveia e algumas sementes é "facin". Pode-se congelar.

12.3.14

Blanche XLIX: E o indiozinho?

O indiozinho? Esta presença pura já se esfalfa da tulha e prepara o revir à reserva, no sol ainda vivo do vindouro outono. Além da apoucada sequela: uma perna mais curta, não esboça mais sinais do perrengue aborrascado.
Os fisioterápicos mergulhos restabeleceram-lhe a agilidade; toda manhã ele segue a sós pela veredinha, dialogando com os seus de dentro, reavivando a aventura grupal de outrora. Todo ele em respiração se faz ternura, todo ele se exalta extraviado nos espinhos da distância.
O ar que o penetra sobre o leve pisar em folhas secas perfiladas, vai persignando-lhe a aura e alargando sua luz interna. Enquanto paralelamente desenrola-se um longo fio de formigas, ele se achega e mergulha - ditoso, pleno, fastuoso.
Nem ao longe imagina que após seu primeiro banho, abrolhou em Nick uns sofreres com os detalhamentos de Tom. Sim, enquanto Tom descrevia indiscriminadamente as maravilhas da água, Nick se fez de janela cega e transpôs  o óbvio, enquanto a voz do outro chovia-lhe ácida.
Num desatino alastrado, julgou que Tom pudesse, mesmo que por instantes, ter transcendido a cordialidade e se imiscuído no mundo alheio. O coração, numa roseta desmaiada, quase dá sinais do entronizado zelo de amor desmedido.
Cada frase de Tom, jorrava em ribanceira até a entranha do penhasco em que Nick se ancorava. As baforadas rígidas dos relatos a lamber-lhe os finos fios de cabelos encaracoladinhos, alvoroçados sobre os ombros. Velou a hospitaleira voz do amigo,  respondendo com suspiros em largas remadas e escassos piados miúdos. 
Como odiou o indiozinho... como invejou aquele torso em benevolência ao toque (involuntário) de Tom, com sol dançando à volta! Os braços fechando anel, com dedos entrelaçados em tronco qualquer recendiam amargor que Tom nem pressentiu.
Em alucinação, tremia num corpo atorporado, num formigamento encardido, com a sensação de estar minguando, pronto a explodir seus segredos em devassados esturros sobre o anacoreta Tom. Então, da capela, o sino chicoteou-o com suas pancadas. Aquela cáustica anamnese cor de terracota cessou, afinal. 
Nick, ao faiscar os olhos num escandinavo azul, avivava a negritude nos cabelos de Tom. Calcando meticulosamente os dentes num canto do lábio superior, conclamou-o para a assembleia em Riolama. Num sopro em rebuliço, a portinha esgazeada daquela cena encafuou-se na memória, longinho da alma.
Banhar-se com Tom... banhar-se por Tom... enlaçar-se em Tom. Os cavalos, paralelos, seguiam pelo trâmite num feliz estar. Nick descerrava a mão e flutuava-a na silhueta do sonhado cônjuge, simulando de leve, o ritmo encrespado da água em ondas. Expressividade fugidia, absconsa no silêncio dum amor em novelo virgem e lágrimas cruas.

E foi assim:

  Imagem   aqui
O professor de informática chegou com a turma, reclamando dum casal, pois ele bateu nela. Pediu que eu resolvesse... não foi na minha aula, mas tudo bem.
Levei a dupla ao corredor, pedi que um explicasse ao outro sua queixa. Já aprenderam a não falar prá mim, vão diretamente à fonte. Eu só fico de juiz.
Ele, já choroso, reclamou a ela que o fato de  ficar esfregando-lhe a mão sobre a cabeça (assim, ó), foi para incomodar. Foi muito irritante, ela não parava e ele lhe bateu mesmo.
Ela, "lisa" como só (pois já a estou conhecendo bem), com a carinha mais deslavada do mundo, disse a ele que a intenção era apenas lhe fazer um carinho. Sei!
No olhar do professor de informática, que não conhece bem a classe, a grande vítima foi a garota, pois a pobrezinha apanhou, todavia se analisarmos o contexto, veremos que ela instigou, incomodou, teimou, até que ele perdesse as estribeiras. Cruzes, parece briga de marido e mulher!
Após deixar que resolvessem sozinhos, a meu lado, expliquei, orientei, admoestei a atitude de ambos e perguntei se estava resolvido. Confirmado, pedi que se dessem um aperto de mãos olho no olho, e voltassem ao trabalho (que a classe estava sozinha, "pegando fogo").
Eu sempre faço com que as próprias crianças aprendam a ter autonomia ética, dialogando entre si e refletindo sobre atos impróprios. Não sou eu quem decide, apenas administro. É tão bonitinho, quando por si só, eles chamam o "ajudante do dia" para intermediar seus perrengues!
Esta é uma atitude que se repete ao menos uma vez ao dia, anos a fio. Ao adentrar a sala, dá trabalho para acalmar a turminha que ficou sozinha por minutos; inclusive, pode haver novos conflitos.
Resta-me pedir aos sete céus que nenhuma das duas mães venha "tirar satisfações" no portão da escola, amanhã cedinho, em meio à toda a platéia, senão minha luta por autonomia vai por água abaixo.
Tem mãe que acha bonito defender os filhos, acha inclusive, que é sua obrigação. Não lhes dá o direito e o  prazer de serem capazes. Basta ensiná-los várias vezes, seus aprendizados nos surpreendem.

11.3.14

Enfronhada

Sim, estou tão enfronhada com meus projetos cotidianos, que me perdi dos blogs... sinto tanta saudade, tenho tanta coisa prá escrever, contudo gosto de digitar com calma, deixar de molho, voltar e editar.
Esta reforma na serra tem consumido deliciosamente meus fins de semana; a sala de aula requer dedicação número 1 durante os dias úteis; a reeducação alimentar está de vento em polpa; e ainda me sobra casa, família e oficina.
Com os miudinhos, a rotina (santa rotina) já se estabeleceu; há um ou outro atrito / estranhamento, que logo contorno. Nunca tive uma classe tão pequena, calma e avançada (para a faixa etária), então estou leve e solta, sem atropelos com eles.
Na escola, no entanto, há mudanças: a Diretora teve bebê; a Coordenadora conseguiu melhor cargo na Secretaria de Educação (vai embora); a Vice voltou para sala de aula, pois logo se aposentará.
A auxiliar da nova Vice pleiteará o cargo de coordenadora. A nova Vice ficará na mão... sem experiência e sem auxílio. Duas tardes por semana, como carga suplementar, posso até ajudar (pois tenho experiência - já fui coordenadora), mas paro por aí.
No mais, tudo transcorre tranquilamente. Eliminei quatro quilos em janeiro, dois em fevereiro e até o final de março pretendo eliminar mais um. Estou com 65 kg / 1,68 m / 50 anos - considerando os três fatores, está quase bom.
Foi moleza: não tive fraqueza, nem senti fome, pois me alimento seis vezes ao dia, religiosamente. Apesar de diminuir muito as guloseimas, foco nas leguminosas e oleaginosas (abacate, sementes, castanhas - amendoim cru, amêndoas de coquinhos e macaúba, granola). Suco verde às segundas e sextas, na 1ª refeição, corridas (que me adaptei otimamente) e muita água.
O uso da carne com temperança, além de saudável, também se refere a isto:
Este porquinho do "Tião macumba", vizinho da serra, passará alguns meses neste chiqueiro minúsculo, se alimentando e engordando, se locomovendo nada para poupar energia e gerar carne macia.
Quando estiver uma bolinha, será abatido para virar linguiça, gordura de cozinhar, chouriço de sangue, farofa de miolo, miúdos refogados, carne curtida na lata, torresmo, feijoada, e uma parte será vendida a conhecidos.
Estas belas vaquinhas caipiras do primo Bento, quando ficam de meia idade e diminuem a lactação, vão a abate para se tornarem nossa carne moída, nosso bife, nossa carne de panela, nossa mortadela (das carnes que não passam no controle de qualidade), salsicha (de miúdos).
Todas têm nome e personalidade, sentem dor, medo e ficam em estado de alerta com novidades. Possuem DNA muito próximo ao nosso... Um bife pode se transformar num strogonoff para três pessoas, com grão de bico e ervilhas frescas. É a temperança, faço sempre!

6.3.14

Roçando

Nos três finais de semana seguidos em que estive no mato, angariei algumas fotos:

Cadela magra, judiada e desnaturada, não sossega nem para os bebês mamarem. E dá cada coice neles... este estava cavoucando com as duas patinhas para  conseguir escasso leite.
Está na hora do desmame, minha nora explicou que os dentinhos machucam as tetas e ela os enxota. Ao menos eles estão fortinhos.
Uma muda de lima. Esta fruta tão especial sumiu dos terreiros, estamos tentando fazer o resgate.
Muda de anona, fruta do conde ou pinha. Parente da graviola, atemoia, araticum e marolo.
Pé de nêsperas no canto da casa. Está em plena floração; a seca alterou seu ciclo.
A pimentinha comari, hiper ardida e aromática, nasce por toda parte, trazida no cocô dos pássaros. Logo todas amadurecem e caem.
.
O jardim da Avó.
Goiabas por toda parte, deliciosas e saudáveis.
Abacates ainda em crescimento.
Anona adulta, frutificando. As frutas ficam boas ao final do verão/ início de outono.
Pé de quiabo: um arbusto ornamental com dois metros de altura e lindas flores amarelas.

5.3.14

A obra

Subimos a serra por três semanas consecutivas, e continuaremos. Neste feriado, foi a parte mais suada: entelhar a estrutura metálica, e destelhar o velho anexo. Nunca carreguei tanta telha!
A parentalha da cidade? Não apareceu uma alma viva sequer! Fizemos tudo sozinhos: o "Par" e eu (muito mais ele, que eu). 
Enquanto ele não precisava de ajuda, cozinhei refeições e fiz muito doce de goiaba em calda (meia-lua), que fica uma gostosura batido com leite. Há 5 potes na geladeira para o ano, pois as goiabas não esperam, estão caindo ou sendo comidas por pássaros. 
Na ida, quase atropelamos um teiú, com a caminhonete carregada. Havia muitas folhas na estrada sombreada e ele se camufla. Comia frutinhas vermelhas bem no meio do caminho, e não saiu. 
Creio que ficou traumatizado e se fingiu de morto... tive que cutucá-lo com uma vareta, para que subisse ao barranco. Ficou assim: apenas com a cabeça escondida (cérebro de bebê).
Será que estava em pânico? Eu poderia pegá-lo tranquilamente. Era um exemplar adulto, medindo cerca de 70 cm, da cabeça ao final da cauda. Os primos disseram que eu deveria levá-lo a eles, pois comeriam o pobre. Não mesmo!
A estrutura que o "Par" está fazendo sobre o teto com cupins. Aproveitamos para fazer a varanda à frente. Não fizemos de madeira porque ele não é sua especialidade.
Foi "brabo" ajudá-lo a erguer cada telha pesada, esta bancada foi a salvação. Definitivamente mulher não tem a mesma força bruta dum homem.
Aqui, eu aguardo pela telha, sobre a bancada. Ele ficou tão cansado que ao final do dia andava abaixadinho, meio travado. Nada que uma noite de sono na roça não resolvesse.
Haja protetor solar, e o chapéu não parava na cabeça. Fervi litros e litros de água da mina, enquanto monitorava o quanto tinha na geladeira, ainda geladinha. 
 Esquecemos o prumo, mas ele improvisou com as garrafinhas e água.
 Ufa! Pouco a pouco toma forma, e parafusa cada uma, para não deslizar.
Há madeira podre por todo lado, mas já está melhorando. Reativaremos também este sanitário (vitro à esquerda).
Encontramos muitas aranhas, algumas venenosas, com marcas amarelas. Essas, eu matei. 
Estes ovinhos são de calango - menores que uma ervilha, porém grandes para a calanguinha botar.
Os primos farão o trabalho de pedreiro, após finalizarmos a estrutura.
Estou  com os pés e mãos ressecados, pernas e braços arranhados, esfolados, contudo foi ótimo - um carnaval diferente.
Levei três ferroadas de marimbondo caboclo, mas não dói tanto, é maneiro e faz bem pro sangue. Nos preocupamos com segurança e tudo correu bem.
O "Fiotão"? Estava em Itanhaém. Não iríamos mesmo incomodá-lo, pois não frequenta o sítio (não curte muito).
Ainda resta levar material para os primos trabalharem, serão várias viagens. Depois mostro o resultado de meu "Resortinho".

Alongada

Sim, passei todo o carnaval alongada no mato... estamos em obra, pois o telhado de meu "puxadinho" em anexo ao casarão da Avó, estava todo corroído por cupins.
Houve uma chuva de pedras granizo a quatro semanas, que contorceu e derrubou galhos de árvores no caminho, destruiu plantações e destelhou um canto do nosso quartinho.
Chegamos lá e encontramos fiação caída pela estrada, e consequentemente falta de energia elétrica; telhas pelo terreiro e um espaço aberto no teto; uma folha do portão da garagem atirado longe...
Veja  como ficaram as folhas do mamoeiro! Aliás, ontem fui retirar as folhas danificadas e notei uma "folha" enroladinha, cinza e estranha. Ao derrubá-la, notei que era um enorme mandarová.
Sinto muito, mas não deixei vivo um ser horrendo, tão próximo à casa. É o único bicho a que tenho pavor medo. Media cerca de sete centímetros.
Para literalmente assassiná-lo, atirei um caco de tijolo cinco vezes. Batia no "molusco", ele se contorcia e ambos pulavam: o tijolo pr'um lado, ele pro outro, e nada de morrer.
Aquela casca elástica é muito resistente. Por fim, saiu algo verde e logo vieram duas galinhas brigar pela "comida".
Parei de tremer e voltei à lida; não me crucifiquem, só matei 1!
A enchente, após a chuva de granizo, arrastou muitas goiabas, mas ainda não é a verdadeira "enchente das goiabas", famosa por aqui. Após uma semana, estão todas secas.
O chuchuzeiro sobre o jirau teve as folhas estraçalhadas e parou de frutificar.
Quantos mamões sob tão poucas folhas boas... eu trouxe alguns prá mãe fazer doce (e goiabas).
Este cafeeiro está bonito, todavia é exceção. A serra sofre: primeiro foi a seca absurda em janeiro (que ainda persiste), depois o granizo a judiar dos frutos. Os primos estimam safra de apenas 30%, e justamente neste ano, que era de safra gorda.
Não quero ver o casarão da Avó tal qual este, dos falecidos Tio Nísio e Tia Dita... abandonado enquanto corre o inventário. 
Uma casa centenária, onde criaram três filhos e cinco filhas. O primogênito casou-se e continuou conjuntamente, anexando esposa e três filhos.
Esta sou eu, toda suada e desgrenhada, bisbilhotando num sítio lá no alto da serra (no alto mesmo). O cajado, apesar de desproporcional, é necessário na trilha íngreme.
A vista é deslumbrante e o ar aromático, houve-se macacos na mata. Dá prá enxergar parte da Cidade a vinte km (no cantinho direito). O sítio da Avó está lá embaixo.